Decreto de emergência por dengue ainda não é necessário em São Paulo, afirma secretária de saúde
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A secretária estadual de saúde em exercício de São Paulo, Priscilla Perdicaris, afirmou nesta sexta-feira (1º) que o atual cenário epidemiológico da dengue no estado ainda não justifica a decretação de situação de emergência.
Desde o início do ano, segundo painel de monitoramento do governo, foram registrados 189.245 casos prováveis da doença no estado. Com taxa de incidência de 426 casos por 100 mil habitantes, a situação de São Paulo já é considerada epidêmica segundo critérios da OMS (Organização Mundial da Saúde) ?acima de 300 casos a cada 100 mil habitantes.
"A situação de emergência está sendo avaliada semana a semana pelo COE [Centro de Operações de Emergências]. Nós já temos um plano de contingência, um plano de trabalho pronto, para caso seja necessário e decidido em consenso pelo COE, nós consigamos fazer isso em um curto espaço de tempo", disse Perdicaris.
A declaração ocorreu durante uma atividade de conscientização em uma escola pública do Jabaquara, na zona sul de São Paulo. A ação fez parte do "Dia D" de combate à dengue, que teve reforço nas ações educativas e de prevenção em todo o estado. Para este sábado (2) está prevista uma mobilização nacional, convocada pelo Ministério da Saúde.
Ainda de acordo com Perdicaris, o Alto Tietê, o Vale do Paraíba e o noroeste paulista são as regiões que mais preocupam as autoridades estaduais de saúde do ponto de vista epidemiológico.
Atualmente, os sorotipos 1 e 2 da dengue são os mais prevalentes no estado, de acordo com Regiane de Paula, chefe da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde.
"O sorotipo 3 entrou, mas ele ainda é muito pouco em todo o estado de São Paulo" disse ela, ponderando que o panorama pode mudar. O monitoramento é atualizado toda semana por 71 unidades sentinelas que fazem vigilância genômica do vírus.
São José do Rio Preto e Votuporanga são os municípios com maior presença do subtipo 3, segundo De Paula. "Foi a entrada, porque a gente tem fronteiras. Em todas as fronteiras do estado a gente tem presença da dengue 1, 2 e 3."
A dengue tem quatro sorotipos. Uma vez infectada por um deles, a pessoa tem imunidade apenas para esse subtipo, podendo se contaminar por outras cepas. Por isso, a circulação do sorotipo 3 acende o alerta para a possibilidade de agravar a epidemia, já que grande parte da população não tem defesas contra essa linhagem.
ELIMINAÇÃO DE CRIADOUROS
As autoridades presentes no evento do "Dia D" reforçaram para os alunos da Escola Estadual Almirante Barroso a importância de se prevenir a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, eliminando os criadouros dentro de casa.
Partindo da escola, equipes de vigilância em saúde iniciaram trabalho de varredura nas casas do entorno, batendo de porta em porta para orientar a população e verificar a presença de água parada. A ação foi acompanhada por agentes da Defesa Civil e militares do Exército.
Sempre atento às medidas de prevenção em casa, o contador Diogo Burlani, 41, só ficou sabendo que algum morador de sua rua teve dengue quando os agentes bateram em sua porta. "A gente está matando tudo quanto é mosquito por aqui. Temos acompanhado a situação e estamos preocupados, porque temos criança em casa", disse ele.
No terreno ao lado, uma obra embargada há pelo menos quinze anos preocupa a vizinhança. "Quando chove, acumula água por dias, mas ninguém sabe quem é o dono", diz Burlani. Um agente de saúde disse à reportagem que o proprietário será notificado sobre as condições do imóvel.