Brasil tem média de 30 mortes por Covid diárias em 2024

Por PATRÍCIA PASQUINI E LEONARDO ZVARICK

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - De 31 de dezembro de 2023 até o último sábado (9), o Brasil registrou 2.066 mortes por Covid, uma média de 30 óbitos por dia.

Os dados são da Plataforma Coronavírus do Ministério da Saúde analisados pela plataforma SP Covid-19 InfoTracker, criada por pesquisadores da USP e da Unesp para acompanhar a evolução da pandemia.

Os números, no entanto, ainda são menores comparados ao mesmo período de 2023 (de 1º de janeiro a 11 de março), quando o país registrou 5.781 mortes, o equivalente a cerca de 82 pessoas por dia. Na época, o país vivia uma onda mais intensa de Covid, com alta transmissão.

Somente de 3 a 9 de março deste ano, 277 pessoas morreram em decorrência da doença no Brasil -40 por dia, em média.

Na comparação com a primeira semana epidemiológica de 2024 (de 31 de dezembro de 2023 a 6 de janeiro), quando foram registrados 101 óbitos, houve aumento de 174,2%. Neste período, a média de mortes diárias foi 14.

Com base nas semanas epidemiológicas, a última vez que o país atingiu um patamar alto de óbitos foi de 19 a 25 de novembro de 2023. No período, foram confirmadas 319 mortes -cerca de 45 por dia.

Em relação aos casos confirmados de Covid, o pico ocorreu na semana epidemiológica 9, de 25 de fevereiro a 2 de março de 2024, com 70.570 infectados. Na semana seguinte, esse número caiu para 53.873 - redução de 26,6%.

"Passamos do pico da disseminação da doença no país e estamos observando o início da queda desta nova onda, o que era esperado. Porém, os números ainda preocupam, com o patamar de casos ainda muito elevado e óbitos recorde. As mortes por Covid estão em uma crescente desde o início de fevereiro, registrando o maior valor do ano agora", diz Wallace Casaca, pesquisador e coordenador da plataforma SP Covid-19 InfoTracker.

"Houve sempre uma discrepância entre os picos de casos e de mortes devido à dinâmica da doença. Primeiro, o vírus infecta indivíduos saudáveis, que propagam a doença até alcançar aqueles nos grupos de risco, mais suscetíveis a desenvolverem complicações graves da covid. Muitos desses casos requerem hospitalização, e uma porção deles resulta em óbito. É possível que a queda nos óbitos apareça nas próximas duas semanas, diz Wallace Casaca, pesquisador e coordenador do InfoTracker.

Segundo o infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, as principais taxas de hospitalização por Covid atualmente são compostas por pacientes nos extremos da idade.

"Os idosos, a despeito da vacinação, têm condições de risco pelo envelhecimento do sistema imunológica e comorbidades. Já as crianças de até dois anos não tiveram contato com o vírus e estão mais vulneráveis com a baixa cobertura vacinal", explica o médico, que também inclui pessoas imunossuprimidas entre os grupos de maior risco.

Atualmente, a vacinação contra a Covid é direcionada aos mesmos grupos prioritários da campanha de imunização contra a gripe. O grupo inclui idosos, gestantes e puérperas, pessoas imunocomprometidas ou que tenham outras condições de risco para formas graves da doença. O Ministério da Saúde também recomenda esquema vacinal com três doses para crianças a partir dos seis meses de idade.

A vacina atualizada contra a Covid, que utiliza a variante XBB.1.5 da ômicron, deve chegar ao SUS (Sistema Único de Saúde) em abril, direcionada somente aos grupos prioritários.

O SUS também distribui gratuitamente o antiviral paxlovid para pessoas com mais de 65 anos ou adultos imunossuprimidos que contraiam a doença. O medicamento é oferecido aos pacientes que estejam entre o primeiro e o quinto dia de sintomas e que tenham diagnóstico confirmado por teste.

"O antiviral reduz as chances da doença evoluir e necessitar hospitalização. É uma possibilidade de tratamento que precisa ser melhor divulgada", afirma Kfouri.