Nísia diz que segue no Ministério da Saúde e cita pressão e comentários machistas

Por MATEUS VARGAS

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A ministra Nísia Trindade disse nesta quinta-feira (21) que segue à frente da pasta da Saúde, citou que é alvo de pressões e comentários machistas e afirmou que não precisa mudar de postura para ser respeitada.

"Permaneço no ministério por decisão do presidente Lula. Naturalmente, minha também, porque com toda a exposição, pressão, comentários machistas, etc...", afirmou a ministra durante reunião da comissão que reúne representantes da pasta e das secretarias municipais e estaduais de saúde.

A ministra é alvo frequente de reclamações do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do centrão, o grupo político que mantém pressão sobre o governo por mais verbas da Saúde.

Na segunda-feira (18), ela também foi cobrada por Lula (PT) por crises enfrentadas pela Saúde, como a epidemia de dengue e a situação dos hospitais federais do Rio de Janeiro.

Aos secretários de saúde, a ministra confirmou que disse a Lula que não precisa "falar grosso" para gerir o ministério.

"Há uma visão que a gente deve superar do que é exercer autoridade. Vamos avançar como sociedade se tivermos outro padrão, civilizado, democrático, que a gente não precise bater na mesa para ser ouvido, respeitado", disse ela.

Ela ainda disse que há discussões que questionam "se tem de ser mais técnica, se tem de ser mais política". "Há gosto para os dois lados e acho equívoco essa oposição, mas é isso que está posto", afirmou Nísia.

A ministra prometeu ampliar o diálogo com prefeitos no ano eleitoral. "A questão municipal, com as eleições, é a grande questão. Vamos ter que nos preparar para isso."

"Esse tensionamento a gente deve transformar em mais um canal de diálogo, escuta, esclarecimento, não ficar alimentando a tensão", afirmou ainda.

Em resposta às críticas, a ministra demitiu nesta semana Helvécio Magalhães do cargo de secretário de Atenção Especializada, uma das pastas mais cobiçadas do ministério por gerir mais de R$ 70 bilhões em repasses para custeio e investimento em hospitais e ambulatórios.

Nísia também retirou Alexandre Oliveira Telles do cargo de diretor do Departamento de Gestão Hospitalar no Estado do Rio de Janeiro.

O ministério ainda tem sido cobrado para liberar rapidamente a verba de emendas e não travar que recursos cheguem aos redutos políticos de deputados e senadores.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, o ministério mudou as regras para liberação das emendas em 2024, ano de eleições municipais, e permitiu que estados e municípios recebam mais recursos dos parlamentares. Nísia também tem feito reuniões com lideranças do Congresso para explicar as regras sobre emendas e tentar evitar novas crises com o Legislativo.