Casos de síndrome respiratória aguda grave continuam em alta no Brasil
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os casos de Srag (Síndrome Respiratória Aguda Grave) continuam em crescimento no país, em crianças, jovens e adultos. A alta se deve ao aumento, em diversos estados, de diferentes vírus respiratórios como influenza (gripe), VSR (vírus sincicial respiratório) e rinovírus.
A análise também mostra reversão de tendência do incremento de casos de Srag na população a partir de 50 anos, que é atribuída à redução das infecções por Covid no Centro-Oeste e no Sudeste, assim como a desaceleração do crescimento na região Sul.
Os dados estão no boletim InfoGripe, da Fiocruz, e têm como base as informações inseridas no Sivep-Gripe (Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe) até 25 de março -referente à semana epidemiológica 12, de 17 a 23 de março.
Segundo o coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, essa conjuntura mascara o crescimento dos casos de Srag pelos demais vírus respiratórios nessas faixas etárias, especialmente aqueles associados ao vírus influenza A.
"Esse cenário é fundamentalmente igual ao da semana passada. Manutenção de queda nas internações associadas à Covid no Centro-sul, contrastando com o aumento de VSR e rinovírus em praticamente todo o país (incluindo o Centro-sul) e influenza A no Norte, Nordeste, Sudeste e Sul", afirma Gomes.
Em alguns estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, quando verifica-se o total de novas internações por Srag, sem a análise por faixa etária, observa-se cenário de estabilidade. De acordo com o pesquisador, a queda na Covid camufla o aumento nas internações pelos demais vírus respiratórios.
"Se olhamos apenas para as crianças, onde principalmente o VSR e o rinovírus estão mais presentes nas internações, vemos claramente o sinal de aumento expressivo de Srag", explica Gomes.
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi de 16,1% para influenza A; 0,4% para influenza B; 30,1% para VSR; e 40,7% para coronavírus. Entre os óbitos, a presença destes mesmos vírus entre os positivos foi de 13,9% para influenza A; 0% para influenza B; 5% para VSR; e 79,3% para coronavírus.
"Em casos de infecções respiratórias, sintomas de gripe e resfriados, deve-se procurar encaminhamento médico, além de manter repouso e usar uma boa máscara sempre que precisar sair de casa. A vacinação também é fundamental. A vacina da gripe está disponível em diversos locais", reforça Gomes.
INCIDÊNCIA E MORTALIDADE
A incidência de Covid mantém o cenário de maior impacto nas crianças de até 2 anos e na população a partir de 65 anos. O aumento da circulação do VSR tem gerado crescimento expressivo entre as crianças pequenas e supera a associada à Covid nessa faixa etária.
No mesmo grupo, outros vírus respiratórios com destaque continuam sendo o coronavírus e o rinovírus. Já o vírus influenza vem aumentando a incidência em crianças, pré-adolescentes e idosos.
Quanto à mortalidade por Srag, tem se mantido significativamente mais elevada nos idosos, com amplo predomínio de Covid.
A incidência e mortalidade semanal média, nas últimas oito semanas epidemiológicas, mantém o cenário típico de maior impacto nos extremos das faixas etárias analisadas. No entanto, o aumento da circulação do VSR tem elevado a incidência de Srag nas crianças até dois anos de idade. Em termos de mortalidade, a população a partir de 65 anos continua sendo a mais impactada, fundamentalmente por causa do coronavírus.