No Rio, 57% dos cariocas frequentaram cinema nos últimos 12 meses
Os moradores da cidade do Rio de Janeiro são os que mais frequentam cinemas e teatros em comparação com as demais capitais brasileiras: 57% dos cariocas frequentou o cinema ao menos uma vez nos últimos 12 meses. A média das demais capitais é 48%. Em relação ao teatro, 32% foi ao teatro ao menos uma vez no último ano, acima da média de 25%.
Para os cariocas, o carnaval é o evento cultural mais importante e a feijoada é o principal prato típico.
Mas, nem todos os moradores do Rio de Janeiro acessam a cultura da mesma forma, o acesso a cinemas, teatros, museus e outras atrações é maior em áreas mais nobres da cidade.
As informações são parte da pesquisa Cultura nas Capitais, realizada pela JLeiva Cultura & Esporte, com patrocínio do Itaú e do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Rouanet. Após divulgar, em janeiro, um panorama geral das capitais do Brasil, agora, semanalmente são divulgados os dados de cada uma das capitais, em detalhes.
A pesquisa considerou o acesso a 12 atividades culturais: livros, cinema, videogame, shows, festas populares, bibliotecas, dança, museus, teatro, circo, saraus e concertos.
Cinema e teatro
A atividade cultural a que a população carioca tem mais acesso são os livros, segundo 67% dos entrevistados. A cidade se destaca, no entanto, pelo teatro e cinema, ocupando o primeiro lugar no ranking de todas as capitais no acesso a esses equipamentos culturais.
No acesso ao teatro, enquanto 32% dos cariocas assistem a espetáculos, Florianópolis aparece em segundo lugar, com 31% da população frequentando esses espaços. No cinema, Porto Alegre aparece em seguida, com 54% da população assistindo aos filmes em cartaz. A porcentagem carioca é 57%.
“[O Rio] já sai, vamos dizer assim, na frente para quase todas as atividades culturais, porque nas duas variáveis que são chaves para ter um bom acesso à cultura, o Rio está bem: escolaridade e renda”, diz o diretor da JLeiva Cultura & Esporte, João Leiva.
Em ambas atividades, a cidade possui também os menores índices daqueles que nunca foram teatro - 29% da população - ou ao cinema, 4%. A porcentagem do cinema é semelhante a de Porto Alegre e a daqueles que nunca foram ao teatro é a menor, seguida por Belo Horizonte, Curitiba e Vitória, todas com 31%.
Em relação a liderar o consumo de cinema Leiva ressalta que a cidade tem uma tradição no cinema, sendo a sede por exemplo da Agência Nacional do Cinema (Ancine), da antiga Empresa Brasileira de Filmes (Embrafilme), que funcionou até 1990, e da distribuidora RioFilme, gerida pela prefeitura da cidade.
Sobre o teatro, a diretora executiva do Instituto Cultural Vale, Luciana Gondim, diz que a cidade “vive uma fase muito feliz”. Ela cita teatros como João Caetano, o Teatro Municipal Carlos Gomes, Teatro Adolpho Bloch, como exemplos de equipamentos que funcionam no centro da cidade, localização que amplia o acesso à população.
“É onde tem trânsito de trabalhadores, onde você consegue ir no final do expediente, onde consegue ter acesso para levar a família mesmo durante um fim de semana. Você tem uma rede de transportes ali, ainda que não ideal, mas tem metrô, tem ônibus, passando por ali. Esse acesso aumenta. Então, esse foi um acerto muito grande da cidade trazer esse investimento de teatro”, diz Gondim.
Desigualdade de acesso
Apesar de liderar o acesso nesses equipamentos culturais, esse acesso é desigual. Os dados do Rio de Janeiro mostram, por exemplo, que enquanto na zona sul, área nobre da cidade, 74% dos moradores vão ao cinema, em Bangu ou em Santa Cruz, na zona oeste da cidade, esse percentual cai para 47%.
Segundo o estudo, essas diferenças regionais refletem também na distribuição desigual de infraestrutura cultural pela cidade. Para 50% dos entrevistados, as atividades culturais que frequentam acontecem longe do bairro onde moram , enquanto apenas 15% afirmam que essas atividades ocorrem no próprio bairro.