Osmar Prado revisita origens: 'Os deuses do teatro sorriram para mim'
O ator Osmar Prado incluiu mais um sucesso entre tantos na carreira que começou em 1958, ainda criança. Aos 77 anos, tem viajado o país, desde janeiro do ano passado, com a peça O Veneno do Teatro.
Em cada canto, confirma a forte presença de público, que já soma mais de 60 mil espectadores. A peça começou nesta sexta-feira (14) a terceira temporada no Rio de Janeiro. Dessa vez, no tradicional Teatro Municipal Carlos Gomes, na Praça Tiradentes, no Centro do Rio.
Em uma retrospectiva dos mais de 65 anos de carreira, Osmar se identificou como um acidente, porque foi cedo a sua manifestação “por uma coisa que nem sabia o que era”, quando, em torno dos 7 anos de idade, perguntou pela primeira vez à mãe como se fazia para ser artista.
Parceria
O ator Maurício Machado, que divide a cena com Prado em O Veneno do Teatro, confessa que o colega sempre foi um ídolo e uma referência para ele ao longo da sua trajetória, de 37 anos.
“No início da carreira, era uma coisa absolutamente inatingível poder contracenar com ele. Até que, em 1999, quase fizemos uma peça juntos. Acabou não rolando. Agora, com O Veneno [do Teatro], o diretor pensou no Osmar, e eu achei que não poderia ter um ator mais adequado, porque, além do gigantismo do talento do Osmar, o personagem requer um ator com toda essa bagagem e com um leque variado de cores, de emoções que esse personagem tem".
“O Osmar além do grande ator e gênio que ele é para mim, dos maiores e mais importantes atores de toda a história que o Brasil já teve, é um grande parceiro. A gente construiu uma relação muito incrível já desde o primeiro momento de leitura, em que tivemos certeza que os personagens nos escolheram e que teríamos ali uma parceria muito bonita, de muita confiança e muito respeito. É uma alegria poder contracenar com ele, que é o maior ator vivo brasileiro. Osmar sempre foi um artista cidadão. Ele tem 77 anos e fala sobre todas as questões contemporâneas”, elogia Mauricio Machado.
Para o diretor, Eduardo Figueiredo, a essência da peça também combina com Osmar Prado, por se tratar de um espetáculo que discute civilidade e poder. "A gente está o tempo inteiro discutindo a postura do ser humano, até onde vai a capacidade de o ser humano de cometer atrocidades. Onde está a civilidade na sociedade contemporânea, onde a gente tem guerras, onde os direitos humanos são desrespeitados o tempo inteiro”, resumiu.
Preocupado com as questões globais, Osmar critica o predomínio de nações no cenário mundial. “Estamos caminhando para um desfecho que, no meu entender, será o desfecho que a humanidade necessita: a multipolaridade das nações. Todos terão que sentar à mesa para discutir o mundo sem a predominância de quem quer que seja, mas no sentido de colaborar. Isso acaba com os impérios de um modo geral. Temos que acabar com os impérios, abaixo os imperadores. Que venha a democracia plena”, torce o ator.