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Pai - presen?a marcante

*Denise Mendon?a de Melo

At? algum tempo a import?ncia da figura paterna n?o era muito discutida quando o assunto era o desenvolvimento de uma crian?a. Atualmente, sabe-se que a presen?a participativa dessa figura paterna para o desenvolvimento saud?vel de uma crian?a ? fundamental. Mesmo em fase intra-uterina o pai faz-se indispens?vel.

O beb? precisa de cuidados especiais no ?mbito do desenvolvimento f?sico que garantam a sua sobreviv?ncia, e tamb?m no que concerne ao seu desenvolvimento emocional. Para Anna Freud, a depend?ncia mental de uma crian?a do mundo adulto dura pelo menos tanto quanto sua depend?ncia f?sica.

O desenvolvimento de cada crian?a se processa em resposta ?s influ?ncias ambientais a que estiver exposta. Suas capacidades emocionais, intelectuais e morais florescem n?o em um deserto e n?o sem conflito, dentro de seu relacionamento de fam?lia, e este determina suas rela?es sociais.

Neste contexto a figura do pai e n?o somente da m?e constitui presen?a marcante. Evanildo da Silveira destaca que segundo um trabalho da Universidade de Maryland, a meninada que conta com o envolvimento dos papais no dia-a-dia tem maior auto-estima, aprende melhor e apresenta menos sinais de depress?o. ? de grande relev?ncia a presen?a do pai ou de uma figura paterna - algu?m que n?o ? o pai biol?gico, mas que seja encarado como tal. ? preciso um modelo masculino por perto. Caso n?o seja poss?vel que esse modelo seja representado pelo pai, que ele seja o av?, o tio ou mesmo um amigo confi?vel. O que a crian?a precisa ? de um homem que lhe d? carinho, amor e muita aten??o. O contato pode at? ser espor?dico, desde que haja muito envolvimento afetivo.

Anna Freud relata que para a crian?a, as realidades f?sicas de sua concep??o e nascimento n?o s?o a causa direta de sua liga??o emocional. Tal liga??o resulta da aten??o cotidiana ?s suas necessidades de cuidados f?sicos, alimenta??o, conforto, afeto e est?mulo. Somente um pai e m?e que atendam a essas necessidades construir?o um relacionamento psicol?gico com a crian?a com base no relacionamento biol?gico e, desta maneira, se tornam seus "pais psicol?gicos", sob cujos cuidados ela pode se sentir valorizada e "querida". Um pai ou uma m?e biol?gicos ausentes ser?o ou poder?o tornar-se um estranho.

Ainda para Anna Freud, de modo diferente dos adultos, que medem a passagem do tempo pelo rel?gio e calend?rio, as crian?as t?m seu pr?prio senso ?ntimo de tempo, baseado na urg?ncia de suas necessidades instintivas e emocionais. Isto resulta em sua grande intoler?ncia a adiamentos de gratifica??o ou a frustra?es e na sensibilidade intensa quanto ? dura??o das separa?es. Por isso, de acordo com a psic?loga e terapeuta familiar Maria Rita D??ngelo Seixas, da Unifesp, a crian?a necessita da presen?a paterna desde o nascimento. "O pai deve entrar no cotidiano do filho quando ele ? beb?, pois, do contr?rio, ficar? mais dif?cil fazer isso ? medida que o pequeno cresce. Com a aus?ncia dele nessa primeira fase da vida, a crian?a cria um v?nculo muito forte com a m?e e, depois, pode ter dificuldades em aceitar a figura paterna, nessa altura praticamente um desconhecido para ela". Sendo assim, ? importante que desde a fase intra-uterina o pai comunique-se com o seu filho seja por atos, pensamentos ou palavras de forma a intensificar o v?nculo entre ele e o feto.

Paula Corina Fernandes completa que o fato da crian?a ter sido desejada, planejada, de ter tido a percep??o das realidades internas do pai, repercutem na vida emocional do feto e no seu desenvolvimento. ? preciso valorizar a participa??o do pai na manuten??o sadia do lado emocional de seu filho. A import?ncia do pai n?o s? como apoio emocional da m?e (atrav?s de uma boa rela??o entre ambos e da sua uni?o sexual satisfat?ria), como algu?m que sustenta a lei e a ordem na vida da crian?a, mas tamb?m na medida que se oferece e pode ser vivenciado como objeto de identifica??o.

?lide Camargo Signorelli, psicanalista, diz que a fun??o paterna, atribu?da a princ?pio ao pai, representa a oportunidade que o beb? tem de conhecer novas rela?es, novos elementos do mundo. Se ao pai cabe garantir uma presen?a amorosa que d? sustenta??o para que a m?e cuide de seu filho, ? ele tamb?m que, simbolicamente, vai tirando-o do colo materno e lhe apresentando possibilidades de crescimento, podendo aliviar assim, as ansiedades decorrentes disso. A fun??o paterna tem como tarefa servir de ponte para a apresenta??o e a aceita??o da realidade ? crian?a. O pai, portanto, ? a lei, o limite, a realidade.

*Denise Mendon?a de Melo
? psic?loga, formada pelo
Centro de Ensino Superior
de Juiz de Fora.
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