Carta em defesa da democracia interrompe coleta de assinaturas por início da campanha eleitoral
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os organizadores da "Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito" vão interromper a possibilidade de novas adesões ao documento a partir da meia-noite desta segunda (15). O motivo, segundo eles, é o início oficial da campanha eleitoral nesta terça (16).
"O protagonismo passa a ser dos candidatos e de suas propostas", diz o movimento em nota. Os organizadores ressaltam o caráter suprapartidário da iniciativa. "O único objetivo da Carta foi defender o Estado de Direito, com o respeito às regras eleitorais e ao resultado das urnas", afirmam.
"Agradecemos a cada uma das subscritoras e subscritores. Todos terão o orgulho de ter participado deste grito em prol da democracia e certamente permanecerão alertas na defesa dos valores constitucionais. Em 2022, não há mais espaço para retrocessos autoritários. A sociedade permanecerá em vigília na defesa da democracia. Ditadura nunca mais!", segue o texto.
A carta foi concebida com expressões moderadas para atrair o maior número possível de signatários, evitando termos que soassem radicais, divisivos, pró-PT, anti-Bolsonaro ou de qualquer forma partidário.
Na última quinta (11), o documento foi lido em ato na Faculdade de Direito da USP, no centro de São Paulo. Na mesma data, a Carta atingiu a marca de 1 milhão de assinaturas, 16 dias após sua adesão ter sido aberta ao público por meio do site Estado de Direito Sempre!. Até as 19h desta segunda (15), o documento tinha 1,082 milhão de signatários.
Entre os que endossaram a carta estão banqueiros como Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles, do Itaú, ex-ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) como Celso de Mello, Joaquim Barbosa e Nelson Jobim, empresários como Eduardo Mazzilli, da Votorantim, Pedro Passos, Guilherme Leal e Fabio Barbosa, da Natura, e Walter Schalka, da Suzano, e artistas e personalidades como Chico Buarque e Luciano Huck.
O texto não cita diretamente o presidente Jair Bolsonaro (PL), mas critica com contundência "ataques infundados" ao sistema eleitoral e ao "Estado democrático de Direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira".
Embora não seja mencionado, o próprio presidente entendeu que o texto é endereçado a ele e passou a fazer críticas ferozes, dizendo que a "cartinha" foi assinada por pessoas sem caráter, caras de pau e até mesmo por empresários "mamíferos".