Governador de MT se firma como nome de Bolsonaro

Por Folhapress

CUIABÁ, MT (FOLHAPRESS) - O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), minou a possibilidade de uma candidatura bolsonarista e se tornar o candidato oficial do presidente Jair Bolsonaro (PL) mesmo tendo mais da metade dos partidos de sua coligação apoiando outros presidenciáveis.

Num estado com tradição de não ter segundo turno, o palanque do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) bateu cabeça para encontrar uma chapa competitiva e acabou de última hora lançando Marcia Pinheiro (PV), esposa do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), que atualmente é o principal adversário político de Mendes.

Ainda disputam o Governo de Mato Grosso outros dois partidos: o PTB, que lançou o pastor Marcos Ritela, e o PSOL, com Moisés Franz.

Para conseguir construir a maior coligação e evitar que o PL e os chamados "bolsonaristas raízes" lançassem um nome no estado em que o presidente lidera as pesquisas, Mauro Mendes desfez um acordo para deixar o palanque aberto para presidente e se coligou com o PL.

Diante dessa aliança, o senador Carlos Fávaro (PSD) e o deputado federal Neri Geller (PP) decidiram desembarcar da coligação e aderiram ao palanque do ex-presidente Lula e Geraldo Alckmin (PSB), aproximando assim parte do agronegócio à candidatura petista.

As duas legendas queriam que Mendes apoiasse Neri Geller ao Senado. Ele também tem o apoio do MDB, mesmo estando em outra coligação.

Apesar da perda dos dois aliados, Mendes conseguiu atrair Republicanos, MDB, Podemos, PSB, Pros e a federação PSDB/Cidadania, além de União Brasil e PL.

Após a confirmação das candidaturas, Mendes decidiu adotar um tom mais ameno em relação à polarização nacional. O governador vem dando declarações públicas de que apoia Bolsonaro. Porém, não tem demonstrado tal apoio nas redes sociais e nos programas de rádio e TV.

Segundo o governador, ele respeitará todos os outros presidenciáveis e focará na discussão sobre o estado, sem adentrar na política nacional.

Já Marcia Pinheiro, que enfrenta pela primeira vez as urnas, tenta casar a sua campanha com a de Lula e Alckmin.

O objetivo é explorar o voto feminino e o funcionalismo público, já que o atual governador tem uma relação de embate com a categoria devido a políticas de austeridade.

Além da federação PT, PV e PC do B, a coligação contra com PP, PSD e Solidariedade. O prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, se licenciará por 30 dias a partir do dia 1º de setembro para coordenar a campanha da esposa.

A candidatura de Marcia Pinheiro ao governo é considerada mais uma batalha da disputa política entre o governador e o prefeito da capital. Ela surgiu faltando uma semana para o encerramento das convenções partidárias. Antes, Emanuel Pinheiro chegou a ensaiar uma renúncia para concorrer ao governo. Porém, não teve apoio do MDB.

Depois, o grupo chegou a pensar no nome do senador Carlos Fávaro (PSD) para a disputa. No entanto Fávaro não conseguiu o apoio do seu grupo político, que é liderado pelo ex-governador e ex-ministro Blairo Maggi e seu primo, Eraí Maggi, ambos do PP.

Com Marcia Pinheiro candidata, o embate entre o prefeito da capital e o governador se repetirá de maneira indireta.

Antes amigos, agora os dois são os principais adversários políticos do estado.

A crise entre eles começou ainda em 2016, quando o então deputado estadual Emanuel Pinheiro decidiu disputar a prefeitura da capital.

Mendes recuou da sua candidatura à reeleição a pedido da esposa, Virgínia Mendes. Durante a eleição, Pinheiro fez várias críticas à gestão Mauro Mendes em Cuiabá.

Após a eleição de Emanuel Pinheiro, a relação entre ambos estava estremecida por conta da campanha.

O atual governador, já na administração do estado, tem travado embates com o prefeito, chegando a não cumprir acordos de repasse para a saúde para a capital, feitos na gestão anterior.

A tendência é que os principais candidatos à Presidência não visitem Mato Grosso no primeiro turno.

Um dos motivos é a baixa densidade eleitoral do estado. Com uma população de pouco mais de 3,5 milhões, o estado tem 2.469.414 eleitores aptos a votar em 2022.