Alesp manifesta solidariedade a países latino-americanos após falas de Bolsonaro
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Comissão de Relações Internacionais da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) enviará a cônsules de Chile, Argentina e Colômbia e ao Grupo de Países da América Latina e Caribe (Grulac) uma nota em solidariedade aos países vizinhos após ilações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).
No domingo (28), durante o debate entre os candidatos à Presidência promovido por Folha de S.Paulo, UOL e TVs Band e Cultura, o mandatário acusou seu homólogo no Chile, Gabriel Boric, de ter "queimado metrôs" em protestos.
Na mesma ocasião, o presidente da República atacou outros líderes de esquerda da América Latina para defender sua reeleição em detrimento de seu principal adversário, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Lula também apoiou o presidente do Chile, o mesmo que praticava atos de tacar fogo em metrôs lá no Chile. Para onde está indo nosso Chile?", disse Bolsonaro.
A carta elaborada pela comissão da Alesp afirma que o chefe do Executivo mostrou, com as declarações, profunda antipatia e agressividade por países que são considerados fundamentais para a construção de uma América Latina fortalecida. Diz, ainda, que as posturas do presidente relegam o país ao isolacionismo.
"Nosso repúdio à Bolsonaro é acompanhado de nossa solidariedade aos governantes dos países citados. Nosso respeito aos povos Latino-americanos vem acompanhado da certeza de que o Brasil voltará a ser uma nação democrática, que dialoga e respeita a soberania dos países e respeita a decisão de voto de seus povos ", diz o documento.
A carta é assinada pelo presidente da Comissão de Relações Internacionais da Alesp, o deputado estadual Paulo Fiorilo (PT).
"Em breve o Brasil voltará a caminhar lado a lado com nossos irmãos latino-americanos na construção de um mundo mais justo, sempre respeitando as bases fundamentais das relações internacionais, como a autodeterminação dos povos e a paz mundial", finaliza.
Após a fala de Bolsonaro, o Chile convocou o embaixador do Brasil em Santiago, Paulo Roberto Soares Pacheco. A chancelaria também destacou que Boric já manifestou ter diferenças com o brasileiro, mas defendeu a importância da manutenção das boas relações entre os países.
"Consideramos essas acusações gravíssimas. Lamentamos que em um contexto eleitoral as relações bilaterais sejam aproveitadas e polarizadas por meio da desinformação e de notícias falsas", afirmou a chanceler Antonia Urrejola na segunda (29).
Na quarta-feira (31), Boric disse em entrevista que a "América Latina tem que reagir em conjunto para impedir" o que seria um possível golpe de Estado de Jair Bolsonaro.
"Foi muito emocionante ver a carta de São Paulo, que reuniu 1 milhão de assinaturas em favor da democracia, com uma transversalidade de signatários. Foi um sinal potente da sociedade brasileira", disse o mandatário chileno.