Kim Kataguiri perde ação contra internauta que o chamou de 'idiota nazista'

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (UOL-FOLHAPRESS) - O deputado Kim Kataguiri (União Brasil) perdeu um processo contra uma usuária do Twitter que o chamava de "idiota nazista" e "Kim Nazaguiri" após ele ter participado de um podcast. O parlamentar pedia uma indenização de quase R$ 50 mil por ter ofendido sua "honra e moral".

Na ocasião, o apresentador do podcast "Flow", Bruno Aiub, conhecido como Monark, defendeu a existência de um partido nazista no Brasil que fosse reconhecido por lei. O comentário do podcaster ocorreu durante entrevista com os deputados federais Kim Kataguiri (União Brasil) e Tabata Amaral (PSB).

Em resposta, o deputado sugeriu que grupos radicais ganham força quando o cerceamento de ideias extremistas é praticado em detrimento da liberdade de expressão. "Qual é a melhor maneira de impedir que um discurso mate pessoas e que um grupo étnico racial morra? É criminalizar? Ou é deixar que a sociedade tenha uma rejeição social?".

Em uma das publicações que criticavam os envolvidos do programa, a mulher chamava Kataguiri de "medíocre e desonesto intelectualmente" e pedia "cadeia para este idiota nazista".

No processo, o juiz Edmar Correia, do 3º Juizado Especial Cível de Brasília, reprovou e colocou as postagens como "desnecessárias", mas usou a liberdade de expressão e o fato de Kataguiri ser um político para julgar a ação a favor da ré. "Como estamos num país republicano e democrático, e o parlamentar é um representante do povo, se pode falar de tudo, também deve estar pronto para ouvir de tudo desse povo, dentro dos limites legais".

Além disso, o juiz afirmou que políticos precisam aprender a conviver com críticas. "Um parlamentar que não consegue conviver com as críticas e comentários depreciativos à sua atuação não está preparado para exercer o seu mandato num país democrático onde as pessoas têm o direito à livre manifestação do pensamento".

Kim Kataguiri disse que não irá recorrer, mas também não concorda com a sentença. "Respeito a decisão do Judiciário e não pretendo recorrer, mas discordo da sentença. Tenho toda uma história em defesa do liberalismo político, que é o contrário de qualquer ideologia extremista. É lamentável que pessoas despreparadas para o debate de ideias adotem xingamentos e difamação como forma de esconder sua fraqueza moral e intelectual".