Associação critica tentativas de politização e judicialização de pesquisas nas eleições
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Abep (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa) divulgou comunicado nesta quarta-feira (5) no qual informa que vê com indignação o que chama de "tentativas de judicialização e politização" nas eleições brasileiras contra as empresas de pesquisa de intenção de voto.
A nota veio a público um dia depois de o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, dizer que encaminhou à PF (Polícia Federal) um pedido para abrir inquérito sobre os institutos de pesquisas.
Torres alegou que o pedido atende a uma representação recebida pelo ministério apontando "condutas que, em tese, caracterizam a prática de crimes perpetrados por alguns institutos".
Representante da maioria das organizações do setor, a Abep enfatizou que o trabalho de seus associados é realizado com valores e princípios éticos que pautam a conduta empresarial e profissional.
"A iniciativa de instaurar esse tipo de investigação durante o período de campanha do segundo turno, ocasião em que as empresas estão realizando o seu trabalho, demonstra mais uma clara tentativa de impedir a atividade de pesquisa científica", informa trecho da nota.
O texto cita a Lei da Liberdade Econômica, aprovada pela Câmara dos Deputados em agosto de 2019 e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em setembro do mesmo ano. Ela "prevê expressamente a presunção de boa-fé do particular perante o poder público e, portanto, não se pode interpretar os fatos como descumprimento da lei".
A Abep esclarece ainda que as pesquisas de intenção de voto são diagnósticos, não projeções dos resultados apurados nas urnas.
Segundo a associação, a tradução das intenções de voto em comportamento está sujeita a diversos fatores até o momento da votação, entre os quais mudanças na vontade do eleitor ou o não comparecimento às urnas.
"Como tal, as pesquisas têm o papel de apresentar à sociedade um retrato do momento", diz a Abep. "A pesquisa é feita para coletar a distribuição das preferências do conjunto total dos eleitores e não para calcular os votos válidos; desta forma, discrepâncias entre os resultados das pesquisas e o que é apurado nas urnas são possíveis."
A nota é assinada pelo presidente da Abep, Duilio Novaes, e pelo coordenador do Conselho de Opinião Pública da associação, João Francisco Meira.
Desde domingo (2), ministros do governo Bolsonaro, aliados no Congresso e apoiadores passaram a criticar os institutos de pesquisa pelas diferenças de levantamentos em dias anteriores com o resultado da eleição divulgado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, pediu nesta terça aos apoiadores do presidente que façam um boicote aos institutos de pesquisa e não respondam às perguntas.