Campanha de Lula teme filas e abstenção e busca Alexandre de Moraes para discutir medidas no TSE

Por MÔNICA BERGAMO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A campanha do ex-presidente Lula (PT) teme uma alta abstenção do eleitorado no segundo turno e marcou um encontro nesta quinta (6) com o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, para discutir medidas que possam baixar o índice de ausência nas eleições no dia 30.

Historicamente, a abstenção é maior entre pessoas de menor renda e escolaridade, pelos custos e pelas dificuldades que elas muitas vezes têm de ir ao local de votação. E é justamente nesses segmentos do eleitorado que Lula tem o seu maior percentual de intenção de votos.

Em uma eleição muito apertada, a perda de votos do petista por causa da abstenção, temem os petistas, pode custar a sua derrota, mesmo que ele tenha a preferência da maioria do eleitorado.

Do encontro com Alexandre de Moraes devem participar o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que integram a coordenação da campanha de Lula.

"Nós achamos que o TSE pode dar uma declaração enfática, por exemplo, sobre a necessidade de o eleitor comparecer às urnas, e sobre a possibilidade de, no segundo turno, as filas serem menores do que as que vimos na primeira rodada", diz Medeiros.

Segundo ele, a campanha recebeu "muitos relatos de gente que desistiu de votar porque a fila estava gigantesca".

No domingo (2), dia da eleição, o TSE exigiu que eleitores fornecessem suas digitais na hora de votar.

Foi uma surpresa, já que nada havia sido avisado anteriormente. O tribunal explicou posteriormente que firmou parcerias com órgãos que forneceram informações biométricas dos eleitores ?que precisavam colocar as digitais no leitor para confirmar o dado.

A ideia, diz o TSE, era acelerar o cadastro das eleitoras e dos eleitores. O procedimento, no entanto, não funcionou direito em muitas seções. As pessoas tinham que fazer até quatro tentativas para confirmar as digitais ?e as filas se formaram.

O TSE, no entanto, deve manter o sistema no segundo turno. E acredita que as filas vão diminuir, já que, desta vez, as pessoas precisam teclar nas urnas apenas o número de seus candidatos a governador, em estados em que o pleito não foi encerrado na primeira rodada, e a presidente da República.

A campanha de Lula também vai pedir a Alexandre de Moraes que redobre a atenção sobre denúncias de empregadores que estão pressionando seus funcionários para votarem em Jair Bolsonaro (PL).

"Há denúncias, muitas delas formalizadas, de patrões coagindo seus empregados. É um negócio absurdo, que precisa ser reprimido", afirma ele.