Lula reage a ofensiva de Bolsonaro sobre STF e diz que nunca indicou amigo nem pediu favor

Por VICTORIA AZEVEDO E CATIA SEABRA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu à ofensiva do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre o STF (Supremo Tribunal Federal) e afirmou que nunca indicou amigo para a corte nem pediu favor aos ministros.

O petista disse ainda nesta segunda-feira (10) em encontro com políticos e intelectuais que o Brasil hoje está pior do que o de 2003, quando ele assumiu a Presidência, porque atualmente há uma "coisa mais grave", que é a "falta de credibilidade nas instituições e a tentativa de destruir as instituições que garantem a democratização do país".

"O cidadão que está prometendo aumentar o número de membros da Suprema Corte na perspectiva de fazer uma Suprema Corte favorável a ele. E eu tive a sorte de indicar seis ministros da Suprema Corte e não indiquei nenhum amigo. Os que eu indiquei foi por currículo e de gente indicada e nunca pedi um favor", afirmou o ex-presidente.

"Eu tenho orgulho de ter indicado seis e nunca pedi um favor porque eles não foram indicados para me ajudar, foram indicados para cumprir o papel da Suprema Corte que está escrito na Constituição", seguiu Lula.

Bolsonaro afirmou na manhã do domingo (9) que deve avaliar a proposta de aumentar o número de ministros do STF após a eleição. Ele disse que sua decisão sobre o tema vai depender da temperatura na corte.

Na sexta (7), o atual chefe do Executivo disse que chegou para ele o projeto para incluir mais cinco magistrados na corte. Atualmente, o tribunal tem 11 ministros, dois dos quais indicados por Bolsonaro --Kassio Nunes Marques e André Mendonça.

No mesmo dia, Hamilton Mourão, que é vice-presidente e senador eleito pelo Republicanos-RS, propôs várias reformas no STF, com mudanças no número de magistrados, fixação de mandatos e limitações às decisões monocráticas.

"Olha, o que eu deixo muito claro, e vejo hoje, é que a nossa Suprema Corte tem invadido contumazmente aquilo que são atribuições do Poder Executivo, do Poder Legislativo e, algumas vezes, rasgando aquilo que é o processo legal", afirmou Mourão em entrevista à GloboNews.