Haddad repete 2012 e vai a Itaquera por benção de padre ligado a Alckmin
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Nesta quarta-feira (12), dia de Nossa Senhora Aparecida, Fernando Haddad (PT) evitou o fervor de Aparecida (SP), por onde passaram seu adversário Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), e foi a Itaquera, bairro da zona leste de São Paulo, atrás da benção do padre salesiano Rosalvino Viñayo. Acompanhado de Geraldo Alckmin (PSB), ouviu que quem procura Rosalvino geralmente é eleito.
"Todo mundo que veio pedir bênçãos aqui foi eleito. Paulo Teixeira foi eleito, Suplicy foi eleito. E Haddad está na fila", declarou Rosalvino à reportagem na noite desta quarta-feira (12).
Candidato ao governo de SP, Haddad participou da celebração da igreja Nossa Senhora Aparecida junto de sua esposa, Ana Estela, de Alckmin, vice de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na chapa presidencial, de Lu Alckmin, Paulo Teixeira (PT), Eduardo Suplicy (PT) e de Gabriel Chalita, que foi seu vice na disputa à reeleição em 2016.
Foi Alckmin o responsável por organizar a ida deles à missa da tradicional paróquia no bairro.
Tanto Haddad quanto o ex-presidente Lula decidiram não ir a Aparecida sob o argumento de que não pretendem transformar a celebração católica em palanque eleitoral.
Pouco antes da missa, Haddad defendeu a liberdade religiosa. O ex-prefeito de São Paulo já havia dito que não pretendia misturar política e religião.
Chuva de bênçãos. Haddad assistiu a missa junto de Rosalvino, que aos 81 anos acumula anos de convivência com a política paulista. O padre espanhol era próximo do ex-governador Mário Covas (PSDB). Vice de Covas, Alckmin também desenvolveu uma boa relação com o clérigo, que o chama de "amigo de muitos anos".
Rosalvino está à frente de diversos projetos sociais em Itaquera, incluindo a criação da escola de samba Dom Bosco. Possui grande influência na região e está acostumado a receber políticos e também a interceder por eles junto aos fiéis.
O padre já não comanda mais missas por causa das sequelas de uma embolia pulmonar. Mas fez questão de se pronunciar ao fim da celebração desta quinta para elogiar Alckmin e Haddad. Foi quando disse que quem o procurou atrás de bênçãos foi eleito. Na sequência, chamou Lu Alckmin para cantar ao lado dele, próximo do altar
"Bolsonaro foi a Aparecida como um ato político, e não religioso. Ele é católico por interesse, só quando convém. A diferenca dele para Haddad, Geraldo e Lula é a diferença do céu e da terra", disse à reportagem.
Rosalvino afirmou apoiar Lula contra Bolsonaro por causa da presença de Alckmin como vice do petista. "Quem vai governar mesmo é o Geraldo", observou.
Há dez anos, Haddad esteve na missa do padre Rosalvino a convite de Gabriel Chalita (então no MDB).
Na ocasião, o petista disputava o segundo turno da eleição municipal contra José Serra (PSDB) e enfrentava críticas de religiosos pela desinformação que foi criada a partir do dito "kit gay" - apelido pejorativo dado a materiais didáticos que buscavam combater o preconceito nas escolas.
Os ataques partiram do pastor Silas Malafaia, que na ocasião apoiava Serra para a Prefeitura.
PT retoma dianteira na área após 12 anos. Haddad foi mais votado do que Tarcísio em Itaquera - 46,82% dos votos válidos do bairro foram depositados no petista, contra 32,07% do candidato do Republicanos. Lula (com 47,54% dos votos na área) também obteve vantagem diante de Bolsonaro (37,99%)
A última vez que o PT havia recebido mais votos na região foi em 2010, tanto para o governo (quando Aloizio Mercadante disputou contra o então tucano Alckmin) quanto para presidente (com vitória de Dilma Rousseff diante de Serra, do PSDB).