50% dizem não votar em Bolsonaro de jeito nenhum, ante 46% em Lula, segundo Datafolha
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A eleição das rejeições chega a seu final com um cenário de ampla desaprovação dos dois candidatos no segundo turno para presidente. Dizem não votar de forma alguma no incumbente Jair Bolsonaro (PL) 50% dos eleitores, enquanto 46% falam o mesmo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Foi isso o que aferiu o Datafolha na sua derradeira pesquisa antes da votação deste domingo (30). Ela foi realizada com 8.308 eleitores em 253 cidades de sexta (28) a sábado (29). Registrada no TSE com o número BR-08297, ela tem margem de erro de dois pontos percentuais, considerando um nível de confiança de 95%, e foi encomendada pela Folha de S.Paulo e pela TV Globo.
Na rodada anterior, publicada na quinta (28), o presidente tinha os mesmos 50% de rejeição e o antecessor, 45%. A situação reflete o conjunto da campanha, que foi acirrada no segundo turno com toda sorte de acusação de lado a lado.
Neste último ciclo, contudo, foi Bolsonaro quem acumulou mais fatos negativos. A Folha revelou que o Ministério da Economia tem um plano para não mais repassar a inflação passada nos reajustes de aposentadorias e salário mínimo.
Isso já havia aumentado a rejeição do presidente entre os mais pobres. Nesta pesquisa, entre os que ganham até 2 salários mínimos (46% da amostra), não votariam de forma alguma em Bolsonaro 58%.
Um dos mais notórios aliados de Bolsonaro, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), foi detido após atacar com tiros de fuzil e granadas policiais federais destacados para prendê-lo. E o presidente retomou sua retórica golpista contra a Justiça Eleitoral, numa tentativa frustrada de colar no TSE um suposto roubo de inserções de propaganda de campanha de rádios no Nordeste.
Ao longo da campanha, Bolsonaro nunca teve menos de 50% de rejeição, caso único para um candidato competitivo na história recente. Lula ficou abaixo dos 40% durante o primeiro turno, mas a agressividade da segunda rodada e a exposição de fantasmas do passado, como casos de corrupção ligados aos seus governos, cobraram o preço e elevaram sua taxa.
Tudo isso foi explicitado no debate final da disputa, realizado na noite de sexta (28) pela TV Globo. O evento foi marcado por uma troca de acusações duras, algumas centradas nos itens conhecidos, sem discussões programáticas. Um final condizente com a natureza da campanha.