Marcos Rocha é reeleito governador em Rondônia

Por FRANCISCO COSTA

PORTO VELHO, RO (FOLHAPRESS) - O atual governador de Rondônia, Coronel Marcos Rocha (União Brasil), 54, conseguiu a reeleição para o comando do estado neste segundo turno após superar o senador Marcos Rogério (PL), 44.

Com 98,45% das urnas apuradas, Marcos Rocha tinha 52,57% dos votos válidos e não poderia mais ser ultrapassado por Marcos Rogério, que somava 47,43%.

Tanto Rocha como Rogério são aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL), que gravou declarações em vídeo para ambos que foram exibidas durante o horário eleitoral. A primeira-dama, Michelle Bolsonaro participou de encontros políticos com os dois candidatos e apoiadores, no mesmo dia, em locais diferentes.

Rocha obteve apoio de políticos dentro do estado, entre eles o deputado federal Léo Moraes (Podemos), que foi candidato no primeiro turno para o governo, mas que ficou em terceiro lugar, e da deputada federal e candidata ao Senado derrotada, Jaqueline Cassol (Progressistas).

Marcos Rogério não teve tantos aliados locais, mas recebeu manifestações de Brasília e de outras capitais, como as dos pastores Silas Malafaia e Marcos Feliciano (PL-SP), do senador Magno Malta (PL-ES), de Daniel Silveira (PTB-RJ) e de outros políticos aliados de Bolsonaro.

A coligação do governador elegeu cinco dos oito deputados federais e deve ganhar mais aliados. Na Assembleia Legislativa, 9 dos 24 deputados foram eleitos no bloco de apoio do governo.

O segundo turno em Rondônia foi marcado por troca de acusações entre os candidatos. O senador Marcos Rogério foi mais crítico ao governador e aproveitou as falhas administrativas para falar de obras não concluídas e promessas das eleições de 2018 que não foram cumpridas nas áreas de educação, segurança, infraestrutura e assistência social.

O senador lembrou que a Polícia Federal fez apreensões durante a segunda fase da Operação Polígrafo, em agosto deste ano, após descobrir indícios de fraudes na compra de testes Covid-19, adquiridos na pandemia pela saúde.

A PF constatou superfaturamento de quase 40% na compra de 100 mil kits de testes rápidos em um contrato de R$ 10 milhões feito a partir de Rondônia.

Também foi lembrado na campanha que o secretário-chefe da Casa Civil, Júnior Gonçalves, foi denunciado pelo Ministério Público sob suspeita de liderar um esquema de fraudes em licitações. O empresário chegou a ser exonerado do cargo, foi renomeado e negou as acusações.

Em sua defesa, coronel Rocha diz que colabora com as investigações e que o estado tem um núcleo de combate à corrupção.

Já o governador colocou em dúvidas o patrimônio de Marcos Rogério, citando o uso de um relógio Rolex avaliado em mais de R$ 100 mil.

No debate da TV Globo (Rede Amazônica - TV Rondônia), realizado na última semana, Rocha disse que Marcos Rogério teve um assessor preso pela PF acusado de fazer parte de um grupo de traficantes que teria movimentado uma tonelada de cocaína e chegou a receber R$ 1,5 milhão em 15 dias. Ele foi exonerado e está foragido.

Marcos Rogério negou as acusações e disse que o adversário queria fugir do debate dos problemas do estado.

A agenda ambiental não entrou nos debates dos candidatos. Rocha e Rogério defendem regularização fundiária para fomentar o agronegócio, e o senador ainda diz que questionará a criação de reservas florestais estaduais.

De acordo com o Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), até agosto deste ano, Rondônia era o segundo estado da Amazônia Legal que mais perdeu áreas de florestas em unidades de conservação e território indígena nos últimos anos.

Marcos Rocha é natural do Rio de Janeiro, formado em análise de sistema de dados e administração de negócios com pós-graduação em educação e técnicas de ensino. Evangélico, casado e pai de dois filhos, foi secretário de Justiça de Rondônia (2014 a 2017).

É oficial do Exército, coronel da Polícia Militar e trabalhou como secretário municipal de Educação de Porto Velho. Em 2018, foi eleito governador com 66,34% dos votos válidos no segundo turno.

Marcos Rogério é pecuarista e começou na vida pública como jornalista, repórter e radialista. Foi vereador em Ji-Paraná e deputado federal. Fez bacharelado em direito.

É mestre em administração pública e doutorando em direito constitucional. Fazia parte do baixo clero no Senado Federal até ficar conhecido na CPI da Pandemia.