Abstenção cai pela primeira vez no 2º turno da eleição
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A taxa de abstenção no segundo turno da eleição deste ano foi menor do que no primeiro. É a primeira vez desde 2002 que o comparecimento cresce em relação à primeira rodada de votação do mesmo ano.
De acordo com dados do TSE, não compareceram para votar 20,57% dos eleitores, após a apuração de 99,84% das urnas apuradas. No primeiro turno, a taxa foi de 20,95%.
Atrair os eleitores para as urnas foi uma preocupação das campanhas do presidente eleito Lula (PT) e do atual presidente Jair Bolsonaro (PL).
A campanha petista temia o não comparecimento de eleitores mais pobres, grupo no qual as pesquisas indicavam seu favoritismo. O estafe do atual presidente, por sua vez, preocupava-se com a ausência dos mais velhos nas seções eleitorais.
Ao longo do dia de votação, a campanha do presidente acendeu alerta em razão do aumento das operações da PRF (Polícia Rodoviária Federal) envolvendo transporte de eleitores, principalmente no Nordeste.
Temia-se que as ações afetassem a presença nas seções da região, principal enclave petista no país. A coligação do presidente eleito chegou a pedir a prisão do diretor-geral da corporação, Silvinei Vasques.
Os dados do TSE mostram que a abstenção subiu nos estados mais afetados pelas ações da PRF. A alta, porém, foi em patamar menor do que em anos anteriores.
Estado com maior número de operações da PRF (79), Alagoas teve uma abstenção nesse segundo turno de 23,25% neste domingo, contra 22,37% há quatro semanas. A alta foi de 3,9%, menos do que a média de 18,5% entre os anos de 2002 e 2018. Lula venceu no estado com 58,8% dos votos válidos.
O mesmo movimento foi identificado no Maranhão (de 22,2% para 23,48%), Sergipe (de 18,35% para 18,89%) e Pará (de 21,22% para 22,65%). Em todos esses estados, o petista teve mais votos que o atual presidente.
As abstenções também subiram em Mato Grosso do Sul, estado com o segundo maior número de operações da PRF (65). O não comparecimento foi de 22,08% para 22,35% no estado em que Bolsonaro teve 59,5% dos votos.
Como mostrou a Folha, a PRF descumpriu ordem judicial de Moraes de não realizar operações que envolvam o transporte público de passageiros. A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vê tentativa da polícia de boicotar o transporte de passageiros, especialmente do Nordeste.
O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, disse que o diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, argumentou que as operações feitas se baseavam no código de trânsito e visaram ônibus com irregularidades. O magistrado disse que nenhum eleitor foi impedido de votar em razão das ações.