Alckmin recebe apoio de eleitores e ouve gritos de 'traidor' ao votar em SP
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Vice na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Geraldo Alckmin (PSB) votou na manhã deste domingo (2) na zona sul de São Paulo, onde conversou com apoiadores e foi hostilizado por alguns eleitores. Ele ouviu queixas por ter deixado o PSDB, partido que ajudou a fundar.
O ex-governador chegou ao colégio Santo Américo, no bairro Jardim Colombo, por volta das 11h20 com a esposa, Lu, e o filho, Geraldo Neto, após acompanhar Lula na votação em São Bernardo. Geraldo Neto vestia uma camisa vermelha e Lu, um casaco da mesma cor, símbolo do PT. O político usava um blazer escuro com camisa branca.
Desde sua entrada no colégio, vários eleitores o cumprimentaram e pediram para tirar selfies com o candidato. Mas ele também enfrentou manifestações hostis, apesar de pacíficas.
Enquanto esperava na fila para entrar na seção onde votaria, uma mulher com a camisa da seleção brasileira se aproximou e gritou, enquanto gravava um vídeo mostrando seu rosto e o de Alckmin: "Na última eleição eu votei em você. Mas agora é Bolsonaro. Sinto muito, você mudou de lado." Ele respondeu que respeita a escolha dela.
Ex-governador de São Paulo, Alckmin concorreu à Presidência da República duas vezes pelo PSDB. Abandonou a legenda em dezembro do ano passado, após 33 anos, e aceitou o convite de compor a chapa com Lula.
Depois que o ex-governador saiu da seção de votação, um eleitor gritou "mito" --apelido dado ao presidente Jair Bolsonaro por seus apoiadores-- e o outro chamou de "traidor".
"Democracia é assim mesmo", comentou Alckmin, em entrevista logo após votar. "Democracia não é a paz do pântano. Democracia é agitada, é animada, o que não pode é ter violência. É possível defender seus pontos de vista sem precisar dar tiro em alguém."
Alckmin mostrou seu primeiro título de eleitor e lembrou sua trajetória política, afirmando que sempre esteve do lado da democracia, desde o período da ditadura militar, e que vai trabalhar para vencer e "recuperar, consolidar a democracia". Disse ainda que a chapa que formou com Lula representa "a pluralidade" do Brasil.
O ex-governador afirmou que iria passar a tarde na casa da filha, com da família, e se juntaria a Lula para acompanhar a apuração no começo da noite.