Moraes diz que Justiça Eleitoral cumpriu missão e minimiza impacto das filas
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, exaltou a Justiça Eleitoral e o sistema eletrônico de votação durante o primeiro turno, e minimizou o impacto das filas registradas em diversos estados.
Moraes ainda afirmou neste domingo (2) que que o impacto das fake news no primeiro turno parece ter sido pequeno e que a "era de ataques" ao TSE "já é passado".
"O TSE foi extremamente ágil no julgamento de todas as ações de combate à desinformação, de discurso de ódio, das fake news. Me parece que não tenha tido grande influência nessas eleições", disse.
O ministro disse que a queda na abstenção e na proporção de votos brancos e nulos pode ajudar a explicar o atraso em alguns locais votações.
Também mencionou o uso da biometria, o maior tempo dado pela urna para o eleitor confirmar o voto e a concentração de eleitores nas seções em alguns horários.
Segundo Moraes, o tribunal deve analisar as razões das filas. Ele afirmou que este problema deve se reduzir no segundo turno, quando há menos cargos em disputa, tornando a votação mais rápida.
O TSE informou que 10 estados e o Distrito Federal registraram filas em votações por ao menos duas horas após as 17h, quando as seções eleitorais são encerradas. Nestes locais, os eleitores receberam senhas para poder votar.
"Em alguns casos a biometria não estava pegando. Alguns especialistas disseram que a utilização de dois anos de álcool em gel às vezes dificulta o reconhecimento", disse Moraes.
O ministro disse que as eleições ocorreram dentro do esperado, mesmo com atrasos em alguns locais de votação.
"Tivemos um dia todo de eleição com absoluta tranquilidade, o que não significa que não tenha havido intercorrências", declarou Moraes.
As declarações de Moraes foram dadas após o TSE confirmar que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) vão disputar o segundo turno da eleição presidencial, marcada para o próximo dia 30.
Diversas autoridades acompanharam a apuração dos votos no TSE, como a presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Rosa Weber, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Do Supremo, apenas os ministros indicados por Bolsonaro, Kassio Nunes e André Mendonça, não foram à corte eleitoral durante o primeiro turno.
O ministro foi aplaudido ao terminar o balanço das eleições. Na plateia também estavam observadores nacionais e internacionais do pleito.
Moraes disse que decisões tomadas antes das eleições para evitar a violência política foram bem-sucedidas, como veto ao uso de celular na cabine de votação e a proibição de se aproximar das seções eleitorais armado.
O ministro também declarou que "do ponto de vista operacional", o teste de integridade das urnas com a biometria "foi um sucesso". Ele afirmou que os dados sobre o impacto do uso da biometria na fiscalização, um pedido das Forças Armadas, ainda precisam ser avaliados.
Moraes também disse que o TSE não deve responder por divergências entre resultados de pesquisas de intenção de voto e das urnas.
"O TSE só registra as pesquisas. Não tem nenhum envolvimento com relação as pesquisas. Se houve (divergência), quem deve explicar isso são os institutos de pesquisa. Não cabe à Justiça Eleitoral".
No começo da tarde, ainda durante a votação, Moraes reafirmou que o parecer da auditoria do PL, partido de Bolsonaro, sobre as urnas eletrônicas é "criminoso e fraudulento".
"Vamos apurar quem fez, como fez e quem pagou. E se pagou pela fraude", disse Moraes, em declaração à imprensa no TSE. "Além de crime eleitoral, é crime comum e será apurado".
O presidente do TSE afirmou não ter informações sobre qual trabalho de fiscalização e auditoria o PL iria realizar no dia da votação.
Ele reforçou que os partidos podem fiscalizar o pleito, assim como as Forças Armadas.
O TSE abriu apuração sobre a auditoria do PL, que fala em "risco de invasão" nos sistemas eleitorais. Moraes ainda colocou o PL e a auditoria dentro do inquérito das fake news, que é relatado por ele no STF.
O ministro também minimizou eventuais questionamentos ao resultado das eleições de 2022. Ele usou uma analogia futebolística para indicar que elas não serão levadas em conta, por falta de relevância.
"Eu sou corintiano, como todos sabem, e até hoje eu contesto a vitória do Internacional contra o Corinthians em 1976, aquela bola que bateu na trave, foi fora e foi dado gol", disse.
"Eu contesto até hoje, mas fico com a contestação para mim mesmo. É assim que o tribunal vai tratar quem contestar as eleições", completou. O presidente Bolsonaro não confirma que irá aceitar o resultado das urnas.
Moraes assumiu o comando do TSE em agosto e tomou uma série de medidas para tentar evitar tumultos no dia da eleição, como proibir a circulação de armas perto das seções eleitorais e reforçar o veto a celulares nas cabines de votação.
Em paralelo, o ministro reabriu o diálogo com as Forças Armadas e, em reuniões a portas fechadas, decidiu contrariar técnicos da corte e alterar parte do teste de integridade feito no dia das eleições para agradar os militares.
Apesar das medidas tomadas, o primeiro turno do pleito deste ano ocorreu após nova onda de ataques de Bolsonaro a Moraes.
O PL, partido do presidente, ainda divulgou parecer com contestações às urnas às vésperas das eleições, documento chamado de fraudulento e mentiroso pelo TSE.