Defesa deve dizer a Bolsonaro não ter identificado fraude na urna eletrônica

Por JULIANA BRAGA

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, deve informar ao presidente Jair Bolsonaro (PL) não ter conseguido provar a existência de fraude no sistema eletrônico de votação. A expectativa na campanha à reeleição é de que um encontro aconteça ainda no início desta semana.

Com isso, o general oferece uma porta de saída ao chefe do Executivo para abandonar de vez o discurso do voto impresso e de fraude na urna eletrônica.

Seus estrategistas defendem que ele foque integralmente, no segundo turno, nos aspectos positivos da agenda econômica e na corrupção de governos petistas para conquistar os eleitores moderados.

A leitura é de que as mulheres e parte do mercado, que já vinham flertando com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são repelidos pela tônica do embate e do questionamento do resultado das eleições. Esses grupos são vistos como fundamentais para virar no segundo turno.

Outro ponto importante seria legitimar o desempenho do bolsonarismo nas urnas neste domingo (2). Senadores, deputados e governadores já eleitos no primeiro turno servirão como cabos eleitorais.

A conclusão do Ministério da Defesa serve como porta de saída, ainda, para os próprios militares, que vinham incomodados com o envolvimento na questão, afirmam generais ouvidos pela reportagem.

O discurso de Bolsonaro após a divulgação do resultado do primeiro turno já foi uma sinalização dessa inversão pregada por seus auxiliares.

O presidente evitou botar em xeque as urnas eletrônicas, como costuma fazer, e disse que só irá se pronunciar a respeito após as Forças Armadas apresentarem um relatório sobre o sistema de votação.

Nas redes sociais, seus auxiliares trataram de colocar água na fervura. Um dos marqueteiros da campanha, Sérgio Lima pediu em uma rede social para os apoiadores gastarem energia a partir de agora em busca de votos.

"Se houve fraude, deixe que a Justiça investigue. O bolsonarismo saiu gigante do primeiro turno, não perceberam?", indagou em uma publicação no Instagram.

No WhatsApp e no Telegram, no entanto, o comportamento foi no sentido contrário. Para os integrantes de grupos bolsonaristas, o fato de o presidente ter ficado cinco pontos atrás de Lula, mesmo após tendo obtido resultado expressivo no primeiro turno, seria uma comprovação de irregularidades na contagem de votos.