Surpresa bolsonarista em MS obriga tucano a mudar rota no 2º turno
CAMPO GRANDE, MS (FOLHAPRESS) - Meros 30 segundos foram suficientes para causar uma verdadeira reviravolta nas eleições para governador em Mato Grosso do Sul. Esse foi o tempo usado por Jair Bolsonaro (PL) no debate de quinta-feira (29), na TV Globo, para pedir voto para Capitão Contar (PRTB), o que levou o candidato ao segundo turno para o comando do estado.
A surpresa agora faz com que seu adversário, o tucano Eduardo Riedel (PSDB), então apoiado pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB), corra contra o tempo para fechar novas alianças e ao mesmo tempo consiga manter a base bolsonarista com que contava até Bolsonaro pedir votos para Contar.
Quinto colocado com 11% dos votos válidos na penúltima pesquisa Ipec divulgada duas semanas antes do dia 2 de outubro, Contar obteve neste domingo (2) 26% dos votos válidos.
"Vamos continuar defendendo nossas bandeiras, que são as mesmas do presidente Bolsonaro. No segundo turno é Jair ou já era. Acredito em Bolsonaro e que ele vai ganhar as eleições", disse Contar à reportagem, apontando que seguirá fiel à raiz bolsonarista.
Contudo, ele também abre espaço para conversar com adversários derrotados no primeiro turno.
"Quero governar com muito diálogo. Quem for jogar dentro das quatro linhas, trabalhar pelo povo de Mato Grosso do Sul e seguir nossas bandeiras, podem ter certeza que terão amplo diálogo com o Capitão Contar", disse.
Apoiadores de Riedel sentiram o peso da fala do presidente. "Foi um equívoco do presidente Bolsonaro esse apoio repentino [a Contar]. Ele precisa se lembrar dos caroneiros que já teve. Firmamos parceria no início do ano com a Tereza Cristina [ex-ministra da Agricultura], algo que ele aprovou", afirmou a liderança evangélica e presidente regional do Republicanos, Wilton Acosta.
Segundo Acosta, seu partido segue na base de Riedel, diferentemente do que pode acontecer com o PL sul-mato-grossense.
Mesmo integrando a chapa tucana, o posicionamento de Bolsonaro pode levar o partido a migrar para Contar no segundo turno. "Temos uma reunião em Brasília na quarta (4) para definir isso", disse o presidente regional do PL, Rodolfo Nogueira.
Mesmo sem confirmação oficial, a reportagem apurou com integrantes da equipe de Cotar que Bolsonaro já designou integrantes da comunicação do PL para ajudar o candidato também no segundo turno.
A ex-ministra Tereza Cristina, que preside o PP em Mato Grosso do Sul e se elegeu senadora com 60,8% dos votos válidos, chegou a fazer campanha nas ruas e gravar vídeo com Riedel.
Ela se reuniu com Bolsonaro nesta terça-feira (4), segundo a assessoria dela --o conteúdo da conversa não foi divulgado.
O candidato a vice de Contar, Beto Figueiró, que também preside o PRTB, se mostra mais amigável ainda a novos aliados para esse segundo turno. "É preciso ter maturidade para tratar disso com todas as forças que possam nos auxiliar nesse momento. Todos são bem-vindos, sempre mantendo nossos valores e coerência."
Figueiró ainda destaca que "não é momento para fazer julgamentos e sim de sentar na mesa para pensar o futuro de Mato Grosso do Sul". A resposta veio após questionamento sobre a receptividade do PRTB a André Puccinelli (MDB), que já foi preso por suspeita de corrupção, e também com Marquinhos Trad (PSD), investigado por suspeita de assédio sexual.
Com menos de 8% do votos válidos, Trad ficou em sexto na disputa, sendo ultrapassado até pela candidata petista Giselle Marques (PT). Puccinelli, tido como líder nas pesquisas de intenção de votos, foi o terceiro com 17% e é o mais cobiçado.
"Nos reunimos no fim da manhã desta terça e o MDB de Mato Grosso do Sul decidiu que vai ouvir os dois lados. Vamos ainda nesta data conversar com os dois e ver quem melhor nos acomoda. Quem falar em dinheiro, vai perder nosso apoio, será carta fora do baralho. Queremos ter espaço na próxima gestão", disse Puccinelli.
O cenário indefinido quanto ao emedebista é repetido pelos demais candidatos derrotados. A quarta colocada na disputa, deputada federal Rose Modesto (União Brasil), também não se decidiu sobre quem apoiar. Membro do estafe classifica como "escolha difícil" que deve ser tomada só após reunião também na noite desta terça.