Lula vence sem reverter Rio de Janeiro e Amapá de conquistas nacionais anteriores

Por ITALO NOGUEIRA

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O Rio de Janeiro e o Amapá foram os únicos estados não retomados pelo PT na vitória presidencial deste domingo (30), quando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito.

Os candidatos da sigla venceram nestes dois estados nos anos em que conquistaram a Presidência, com o próprio Lula e com Dilma Rousseff em 2002, 2006, 2010 e 2014. Há quatro anos, eles deram vitória a Jair Bolsonaro (PL) e repetiram a preferência pelo atual presidente no segundo turno deste ano.

O petista conseguiu retomar a dianteira, perdida em 2018, no Amazonas e em Minas Gerais. Neste último, a vantagem apertada reproduziu, como tradicionalmente ocorre, o resultado nacional.

Lula venceu o pleito em 13 estados. Já o candidato derrotado à reeleição ficou na frente em 14, contando o Distrito Federal. No cômputo geral, o presidente eleito teve 50,9% dos votos válidos, contra 49,1% do adversário.

Terceiro maior colégio eleitoral do país, o resultado do Rio de Janeiro indica a guinada bolsonarista do estado, tornando-se um desafio para o PT nos próximos anos.

Base eleitoral de Bolsonaro, o Rio de Janeiro deu mais votos ao PT pela primeira vez em 1998, na derrota de Lula no primeiro turno para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Foi o segundo estado em que os petistas venceram no país, depois apenas do Rio Grande do Sul, onde o PT venceu em 1994.

Desde então, o Rio de Janeiro deu vantagem ao PT até 2018, quando Bolsonaro venceu com 68% dos votos válidos contra Fernando Haddad (PT). Neste domingo, o atual presidente superou Lula no estado com 56,5% dos votos válidos.

A vantagem de Bolsonaro se deu apesar da mobilização do prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD), a favor de Lula e do comemorado apoio do prefeito de Belford Roxo, Waguinho (União). O PT perdeu até em Maricá, cidade administrada pelo partido há dez anos e beneficiada pelos royalties do petróleo.

A sigla do presidente eleito venceu apenas em 20 das 92 cidades do estado, todas do interior, à exceção de Niterói.

Bolsonaro contou com o apoio do governador reeleito Cláudio Castro (PL), cujo primeiro mandato sofreu forte influência do senador Flávio Bolsonaro (PL). A expectativa é que o estado seja uma das bases do clã para tentar retomar a força política.

O presidente demonstrou especial interesse nas eleições municipais de 2024 em seu último ato de campanha. Xingou Paes no palanque pelas críticas à sua gestão e prometeu "dar o troco" daqui a dois anos. O prefeito retrucou e afirmou que gostaria de vencê-lo na disputa.

Segundo menor eleitorado do país, o Amapá, que deu vitórias para o PT entre 2002 e 2014, indicava ter retomado a preferência petista no primeiro turno, quando Lula venceu com 45,7% dos votos válidos.

Contudo, foi o único estado com virada bolsonarista neste segundo turno, dando 51,4% dos votos válidos ao atual presidente.