Advogado pede que OAB expulse profissional que participou de ato golpista no Paraná

Por MÔNICA BERGAMO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O advogado Marcelo Feller protocolou uma representação na OAB-PR (Ordem dos Advogados do Brasil seccional Paraná) pedindo a expulsão e a suspensão preventiva de uma advogada que participou de manifestações golpistas após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas urnas.

Em vídeo que circula nas redes sociais, Sarah Virginia de Moraes diz que é contra o resultado das eleições, se identifica como advogada da cidade de Ponta Grossa e cita o número de sua carteira da OAB.

Usando uma bandeira do Brasil enrolada no corpo por baixo de uma capa de chuva transparente, ela aparece no meio de uma rodovia, cercada por manifestantes. Sarah fala olhando diretamente para a câmera.

"Estamos nos expressando contra a decisão do STE [sic, Tribunal Superior Eleitoral], que falou que o nosso presidente de 2023 será o Luiz Inácio Lula da Silva [PT]. Nós não concordamos com essa votação. Nós não concordamos", afirma a advogada no vídeo.

Sarah diz ainda que irá pedir um "habeas corpus preventivo" após a decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes de que as polícias militares podem atuar na desobstrução de rodovias bloqueadas pelos atos.

"Não queremos que o Bolsonaro passe a faixa. Com isso, nós estamos aqui protestando. Então, se alguém for preso, a partir de agora estou pedindo um habeas corpus, habeas corpus preventivo com base na Constituição Federal", segue ela.

Procurada, Sarah afirma à reportagem que o vídeo foi descontextualizado. "Não sou filiada a nenhum partido, não represento nenhum partido, movimento ou organização, simplesmente fui chamada por dois clientes para emitir um aconselhamento, que aconselhei a desobstruir a via", diz.

A advogada afirma ainda que o conteúdo foi "gravado sob pressão, com forte abalo emocional diante de pressão de populares, o que acabou praticando ato falho em anunciar erroneamente a sigla de um Tribunal [TSE]".

E que as imagens foram publicadas nas redes sociais "sem meu consentimento, visando me denegrir como se eu fosse representante de alguma coisa".

Na representação, Marcelo Feller argumenta que a profissional violou ao menos quatro estatutos da OAB e que manteve conduta incompatível com a advocacia.

"Na minha visão, a OAB tem que sair na frente e punir esse tipo de comportamento. A insatisfação com o resultado [do pleito] é legítima, mas o Estado democrático de Direito tem que ser preservado", afirma ele à reportagem.