Procuradoria questiona polícia do DF sobre vandalismo e pergunta por número de presos
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, por meio da 3ª Promotoria de Justiça Militar, fez diversos questionamentos para a Polícia Militar sobre a atuação da corporação para conter os atos de vandalismo ocorridos em Brasília na noite de segunda-feira (12).
Entre eles, perguntou quantas pessoas foram presas em flagrante pelos policiais, o número de policiais que atuaram durante os atos e no entorno do hotel em que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está hospedado e o tempo de reação para conter os protestos a partir do conhecimento dos fatos.
O promotor de Justiça Flávio Augusto Milhomem deu cinco dias para que os questionamentos sejam respondidos pela Polícia Militar. O ofício foi encaminhado nesta terça-feira (13).
Uma ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), contra um indígena bolsonarista acabou em atos de violência em frente à sede da Polícia Federal e em vias de Brasília. Com a presença do preso no prédio da PF, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) tentaram invadir o local.
Após serem repelidos pela polícia, os manifestantes foram para outras vias da cidade e atearam fogo em ao menos dois ônibus e em carros. Eles ainda depredaram postes de iluminação e tentaram derrubar um ônibus de um viaduto.
O confronto também fez a Polícia Federal e a PM reforçarem a segurança no prédio onde Lula está hospedado em Brasília. Policiais do grupo de elite da PF foram enviados para o local, e a PM criou um cordão de isolamento na entrada do hotel.
Os atos antidemocráticos que pedem um golpe militar e escalam em casos de violência pelo país têm sido atiçados por Bolsonaro desde a sua derrota para Lula no segundo turno das eleições.
Na semana da derrota, em uma rápida declaração, ele disse defender os atos, tendo ali apenas condenado os bloqueios de estradas por seus apoiadores. Já no final da semana passada quebrou um silêncio de 40 dias com um discurso dúbio que também atiçou seus apoiadores.
O discurso foi salpicado de referências às Forças Armadas, repetiu a retórica de campanha e estimulou indiretamente manifestações antidemocráticas dos seguidores que contestam a vitória do petista em uma inédita derrota para um presidente que disputava a reeleição no país.
Como mostrou recente reportagem da Folha, a escalada da violência nos atos antidemocráticos liderados por bolsonaristas fez desmoronar o discurso público do presidente e de seus aliados, que destacavam as manifestações como ordeiras e pacíficas e buscavam associar protestos violentos a grupos de esquerda.
O presidente eleito criticou nesta terça os atos de violência que ocorreram na segunda e afirmou que Bolsonaro incentiva "ativistas fascistas".
"Esse cidadão até agora não reconheceu a sua derrota, continua incentivando os ativistas fascistas que estão nas ruas se movimentando. Ontem [segunda] ele recebeu esse pessoal no Palácio da Alvorada, não sei qual foi o estrago que foi feito no Palácio da Alvorada. Ele tem de saber que aquilo é patrimônio público, não é dele, da mulher dele, do partido dele. É do povo brasileiro", afirmou Lula.
Também presente em evento de encerramento da transição, o futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que os crimes políticos são de competência federal e promete providência contra os militantes que promovem atos antidemocráticos.
Segundo ele, todos os manifestantes estão sendo identificados e "todos os inquéritos cabíveis serão feitos".