União vê 'operação tabajara' do PT e não deve se esforçar por Daniela Carneiro

Por JULIANA BRAGA

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Alvejada por denúncias desde que assumiu o Ministério do Turismo, Daniela Carneiro, conhecida como Daniela do Waguinho, não deve contar com o apoio do União Brasil, seu partido, para mantê-la no cargo.

Mesmo com três ministérios, o clima na legenda com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é de animosidade, afirmam integrantes da bancada na Câmara.

Eles avaliam que o PT conduziu "uma verdadeira operação tabajara" para atrair o partido, e que mesmo com os espaços, não é possível garantir apoio de nem de 10% do total.

De primeiro mandato, Daniela Carneiro, não tem sustentação entre os deputados, muito menos capacidade de transferir votos, afirmam correligionários. Caso a pressão para demiti-la se intensifique, não há disposição entre seus colegas em comprar o desgaste.

Segundo afirmam, a articulação política do PT escolheu os interlocutores errados para essa negociação. O vice-presidente do União, Antônio Rueda, foi alijado.

Já o secretário-geral, ACM Neto, viajou para Israel para não se envolver. Ambos seriam os interlocutores capazes de fazer essa costura interna.

Com o desgaste do líder Elmar Nascimento (BA), que foi vetado na Esplanada após um áudio circular com ataques a Lula, sobrou o senador Davi Alcolumbre (AP).

A indicação de Daniela é atribuída ao marido, o prefeito de Belford Roxo, Wagner dos Santos Carneiro (União), o Waguinho.

Ele foi um dos poucos integrantes do partido a fechar apoio a Lula durante as eleições de 2022 e teve atuação considerada importante no Rio de Janeiro. Daniela foi a deputada mais votada no estado.

Os parlamentares do União já projetam internamente que a pressão deve aumentar nos próximos dias para que Lula resolva a situação. A avaliação é de que este é o primeiro teste de fogo de Lula, a quem recai a expectativa de sinalizar como será sua postura em casos de problemas éticos, como este.

Daniela Carneiro é alvo de pressão desde que a Folha de S.Paulo mostrou o vínculo que seu grupo político mantém há ao menos quatro anos com a família de outro miliciano, o ex-PM Juracy Prudêncio, o Jura.

Ele atuou diretamente na campanha da ministra em 2018, quando já estava condenado a 26 anos de prisão por homicídio e associação criminosa, e por meio de sua mulher, Giane Prudêncio, no ano passado.