Lula diz que negação da política gerou ódio e que fanatismo é 'novo monstro' a ser enfrentado

Por RENATO MACHADO E PAULO SALDAÑA

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (19) que o Brasil foi tomado pelo ódio nos últimos anos e que a principal causa para essa condição foi a negação da política.

Lula chegou a se emocionar ao comentar a situação política atual. Também criticou o surgimento de uma "extrema direita fanática, raivosa" em todo o mundo e que esse é um "novo monstro" que precisa ser enfrentado.

"Eu quando comecei a falar com vocês, vocês até perceberam que eu gaguejei um pouco porque eu estava emocionado com esse encontro [com reitores], emocionado porque era impensável [...] Eu tenho 77 anos de idade e nunca vi o Brasil tomado pelo ódio que ele foi tomado", disse o presidente, em um momento em que chegou a embargar a voz.

Lula recebeu reitores de universidades federais e institutos federais de educação para uma reunião no Palácio do Planalto. Em diversos momentos, ao comentar a situação da educação, disse que o país está deixando tempos de "trevas".

O presidente afirmou que o crescimento da extrema direita é um fenômeno mundial que precisa ser enfrentado. Citou o exemplo do Brasil, mas se recusou a citar o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro, referindo-se a ele como "coisa".

"[O país] foi tomado pelo ódio porque em algum momento esse país teve muita gente que começou a negar a política. E na hora que você nega a política, aconteceu o que aconteceu nos Estados Unidos com o Trump. Acontece o que aconteceu no Brasil com o coisa, que eu não quero falar o nome dele", afirmou o presidente.

"Acontece o que aconteceu na Hungria, na Itália e acontece o que aconteceu no mundo inteiro com o surgimento de uma extrema direita fanática, raivosa, que odeia tudo aquilo que não combina com o que eles pensam e é um novo monstro que temos que enfrentar e derrotar", completou.

Lula afirmou que o retrocesso civilizatório no Brasil culminou nos atos golpistas de 8 de janeiro. Na ocasião, apoiadores de Jair Bolsonaro avançaram sobre as forças de segurança e invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal.

"Eu acho que o Brasil não merecia ter passado por isso. A gente não tem dimensão do retrocesso que esse país, em cada escola, em casa local de trabalho, em cada local que as pessoas estavam acostumadas a uma certa civilização. As coisas mudaram no Brasil, a ponto de acontecer o que aconteceu no dia 8, aqui em Brasília", afirmou.