Ministro de Lula rejeita elo de Forças com golpistas e diz aguardar comprovações para punições

Por MATHEUS TEIXEIRA

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro da Defesa, José Múcio, afirmou nesta sexta-feira (20) que aguarda "comprovações" para que sejam adotadas providências contra militares que participaram dos atos de vandalismo em 8 de janeiro.

Ele deu a declaração após reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com os comandantes das Forças Armadas.

"Não foi discutida [punição de militares], porque isso está com a Justiça. Estamos atrás, aguardando as comprovações para que providências sejam e serão tomadas."

Múcio também afirmou que entende não ter havido envolvimento direto das Forças Armadas nos atos golpistas de 8 de janeiro, que terminaram com a invasão do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal.

"Eu entendo que não houve envolvimento direto das Forças Armadas. Agora, se algum elemento individualmente teve a sua participação, ele vai responder como cidadão", afirmou o ministro a jornalistas, no Palácio do Planalto.

Também participou da reunião o presidente da Fiesp, Josué Alencar, e outros empresários.

O ministro da Defesa afirmou que as questões envolvendo as manifestações golpistas de 8 de janeiro não foram discutidas no encontro. A pauta seria o fortalecimento da indústria de Defesa nacional.

Múcio e as Forças Armadas viraram alvo de crítica de petistas, por causa da facilidade com que os manifestantes invadiram a Esplanada dos Ministérios e provocaram a destruição dos prédios públicos.

A situação do ministro da Defesa ficou delicada, porque ele evitou a tratar os acampamentos em frente aos quarteis como ações antidemocráticas. Múcio chegou a afirmar que o próprio Jair Bolsonaro (PL) era um democrata. O titular da pasta disse não se arrepender de suas falas.

"Não me arrependo [de ter classificado como democráticas], porque eu vim para negociar. Eu não podia negociar com você e a priori criar um pré-julgamento para você. Não me arrependo", afirmou.

O ministro afirmou que os militares estão cientes de que vai precisar haver uma investigação sobre os eventos de 8 de janeiro, mas que será preciso cuidado na investigação.

"Os militares estão cientes e concordam que nós vamos tomar essas providências. Evidentemente que no calor da emoção a gente precisa ter ter cuidado para que esse julgamento, essas acusações, sejam justas para que as penas sejam justas. Mas tudo será providenciado em seu tempo", afirmou.