PF prende 6 e busca mais 2 em nova operação contra ataque golpista
SÃO PAULO, SP, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira (14) seis bolsonaristas em ação contra financiadores e participantes dos atos golpistas de 8 de janeiro. Duas ainda são procuradas.
A operação para cumprir os oito mandados de prisão preventiva e 13 mandados de busca e apreensão foi deflagrada nos estados de Goiás, Minas Gerais, Paraná, Sergipe e São Paulo. Os pedidos foram expedidos pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
As prisões ocorreram em Indaiatuba (SP), Inhumas (GO), Santo Antônio da Platina (PR) e nas cidades mineiras de Governador Valadares, Coronel Fabriciano e Uberlândia.
Esta é a 6ª fase da Operação Lesa Pátria, deflagrada como parte da investigação que apura os responsáveis pelos atos em Brasília, quando bolsonaristas invadiram e depredaram os prédios dos três Poderes.
As pessoas envolvidas nos atos golpistas podem responder pelos seguintes crimes: abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime e destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.
A PF trabalha com quatro linhas de investigação. Além de financiadores e daqueles que participaram da depredação ao patrimônio pública, os investigadores buscam os autores intelectuais. Essa frente que pode alcançar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alvo da apuração.
Uma outra linha de apuração é para identificar autoridades que se omitiram diante das ameaças de invasão às sedes do Executivo, Judiciário e Legislativo.
É nessa frente que são investigados Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, e o governador afastado do DF Ibaneis Rocha (MDB), além dos ex-comandantes da Polícia Militar.
Nesta terça, a CPI dos Atos Antidemocráticos, em andamento na Câmara Legislativa do DF, aprovou a convocação de Torres, titular da Secretaria de Segurança Pública à época dos fatos, além da quebra de seus sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático.
A comissão aprovou ainda o interrogatório do ex-secretário executivo da pasta Fernando de Sousa Oliveira, o ex-comandante da Polícia Militar coronel Fábio Augusto Vieira e outros integrantes do governo local.
Foi aprovado requerimento para que seja também ouvido Antônio Cláudio Alves Ferreira, que apareceu em vídeo do sistema de segurança destruindo relógio histórico do Palácio do Planalto. Ferreira foi localizado e preso pela PF no dia 23 em Uberlândia (MG).
Apesar das investigações ainda em curso no âmbito da PF, a PGR (Procuradoria-Geral da República) já enviou uma série de denúncias ao Supremo Tribunal Federal.
Mais de 600 pedidos de abertura de ação penal foram formalizados nas últimas semanas, a maioria contra pessoas presas no acampamento montados por apoiadores de Bolsonaro em frente ao quartel-general do Exército em Brasília após o segundo turno das eleições.
No conjunto de denúncias da Procuradoria figuram 49 pessoas classificadas como "executores" e 602 incitadores dos atos, além de um agente público.
QUEM JÁ FOI ALVO DA OPERAÇÃO LESA PÁTRIA?
Na primeira fase da Operação Lesa Pátria, em 20 de janeiro, foram presos Ramiro dos Caminhoneiros, apontado como um dos principais nomes na organização de caravanas aos atos golpistas, e Renan da Silva Sena, ex-funcionário terceirizado do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
Em 27 de janeiro, a PF prendeu Fátima do Tubarão, que viralizou em vídeo nas redes sociais dizendo que ia "pegar o Xandão".
Leonardo Rodrigues de Jesus, o Léo Índio, um sobrinho do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi alvo de busca e apreensão. Ele não foi localizado.
Oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal também foram presos pela operação. Um major aparece em um vídeo em que é flagrada a retirada dos batalhões de Choque da PM-DF, o que libera a passagem de bolsonaristas para a Praça dos Três Poderes.