Deputado em MS exibe livro de Hitler, critica nazismo, tem fala editada e vira alvo de ataques

Por ALÉXIA SOUSA

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O deputado estadual João Henrique Catan (PL) levou um exemplar do livro Mein Kampf (Minha Luta), do ditador nazista Adolf Hitler, ao plenário da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul nesta terça-feira (7) e virou alvo de ataques após ter uma versão editada de sua fala espalhada em redes sociais.

Catan exibiu a publicação durante um discurso sobre a dificuldade que teria, como oposição, em conseguir informações do Executivo.

O deputado atacava o fato de a Assembleia ser de maioria governista, dizendo que a dificuldade de acesso a dados é algo semelhante ao que Hitler fez com o Parlamento alemão.

Em meio às críticas ao autoritarismo, Catan exibiu a publicação nazista e disse que a suspensão da venda dela indicava um juiz "talvez mais ditador" do que Hitler --responsável por regime totalitário que dizimou milhões de judeus.

"Fiquei com medo de entrar com esse livro no Brasil porque à época, um juiz, talvez mais ditador do que Adolf Hitler, suspendeu a entrada e as vendas do Mein Kampf, Minha Luta, Minha História, Minha Vida, de Adolf Hitler, onde aqui retrata as suas estratégias para aniquilar, fuzilar o Parlamento e os direitos de representação popular", afirmou.

"É com a apresentação do Mein Kampf, de Hitler, que peço para que este Parlamento se fortaleça, se reconstrua e se reorganize nos rumos do que foi o Parlamento Europeu da Alemanha, e que serviu, após sua reconstrução, de inspiração, inclusive para nós estarmos hoje aqui, através do nosso direito constitucional brasileiro, que se inspira no modelo romano germânico", completou.

Um vídeo com parte do discurso repercutiu nas redes sociais como uma mensagem de exaltação do deputado ao nazismo. Em seu perfil oficial, Catan afirmou que sua fala foi distorcida e, que, na verdade, a citação foi em crítica às estratégias nazistas.

No Brasil, a apologia ao nazismo é crime previsto em lei com pena de reclusão, segundo a qual é crime uso dos símbolos nazistas ou a propaganda desse regime.

João Henrique Catan ficou conhecido após efetuar vários disparos com uma pistola durante a votação de um projeto de lei de sua autoria, no ano passado. O projeto reconhecia o risco da atividade de atirador desportivo no estado de Mato Grosso do Sul.

Na ocasião, enquanto anunciava os argumentos do seu voto, de maneira remota, o parlamentar se encontrava em um estande de tiro e afirmou que os disparos eram uma "advertência ao comunismo".