Há surto coletivo entre golpistas de 8 de janeiro, diz diretor da PF

Por ITALO NOGUEIRA E LEONARDO VIECELI

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos, afirmou nesta segunda-feira (13) que golpistas presos em razão dos atos do dia 8 de janeiro vivem um "surto coletivo".

Passos fez o comentário durante palestra na FGV (Fundação Getúlio Vargas), no Rio de Janeiro, sobre liberdade de expressão, redes sociais e democracia. O delegado da PF afirmou que as plataformas favorecem à união de pessoas distantes, com ideias semelhantes, criando uma "alma coletiva".

"Cito o exemplo da Operação Lesa Pátria, que já tivemos sete fases. Pude acompanhar muito de perto. Vimos que, de fato, há uma catarse, um surto coletivo. As pessoas, não sei se ainda creem estar no mundo virtual, mas não se dão conta de que estamos no mundo real", disse ele.

O delegado mencionou como exemplo a conexão criada entre pessoas com ideologia conservadora pelos algoritmos das redes sociais.

"Aqui vemos o papel de algoritmo, da inteligência artificial que vai diretamente a determinada pessoa que, sei lá, é muito religioso, o outro que é contra o casamento gay, o outro que é contra não sei o quê, que não têm nenhuma relação entre si mas vão encontrar um elo, um ponto de contato, e se transformar nessa alma coletiva extremamente danosa", disse o delegado.

"As redes sociais se multiplicaram com as mesmas características das multidões psicológicas, que já são estudadas há muito. Quaisquer que sejam as pessoas que a compõem, por mais diferentes que possam ser, o mero fato de se transformar em multidão dotam os indivíduos de uma espécie de alma coletiva."

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), concedeu nesta segunda pedidos de liberdade provisória a mais 130 homens denunciados após os ataques golpistas às sedes dos três Poderes no dia 8 de janeiro.

Na última sexta-feira (10), ele havia libertado outros 80 presos também depois da ação e, na quarta-feira (8), no Dia Internacional da Mulher, 149 mulheres.

Com parecer favorável da PGR (Procuradoria-Geral da República), foram aplicadas medidas cautelares por crimes como incitação ao crime e associação criminosa, do Código Penal.

Moraes considerou que eles já foram denunciados e não representam mais risco processual ou à sociedade agora, podendo responder ao processo em liberdade.

Assim como os outros, eles terão que usar tornozeleira eletrônica e deverão ficar em suas residências à noite e nos finais de semana. Também deverão se apresentar à Justiça todas as segundas-feiras, não poderão se ausentar do país e têm que entregar seus passaportes.

Além disso, não poderão usar as redes sociais ou se comunicar com os demais suspeitos de participação nos atos antidemocráticos.