Barroso nega soltura de Torres, e Moraes quer explicação sobre senha errada

Por CONSTANÇA REZENDE

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), intimou os advogados de Anderson Torres a prestarem esclarecimentos, em até 48h, sobre as senhas de dispositivos entregues pelo ex-ministro da Justiça no governo Jair Bolsonaro (PL).

Segundo a decisão de Moraes desta sexta-feira (28), a Polícia Federal informou "que nenhuma das senhas fornecidas estava correta, o que inviabilizou a extração dos dados armazenados no serviço" de nuvem de Torres.

Torres é alvo de investigação por suposta omissão frente às ameaças dos atos. Na ocasião, ele era secretário de Segurança do Distrito Federal. O ex-secretário está preso há três meses por determinação de Moraes.

Na decisão em que manteve a prisão do ex-ministro no último dia 20, Moraes disse que o ex-ministro somente autorizou o acesso às senhas após mais de cem dias dos atos golpistas de 8 de janeiro.

"Torres suprimiu das investigações a possibilidade de acesso ao seu telefone celular, consequentemente, das trocas de mensagens realizadas no dia dos atos golpistas e nos períodos anterior e posterior e às suas mensagens eletrônicas", disse.

Ele também apontou suposta conduta omissiva de Torres na permanência do acampamento dos manifestantes no SMU (Setor Militar Urbano) e no risco gerado por ele nos atos.

Nesta sexta-feira, o ministro Luís Roberto Barroso também negou pedidos de habeas corpus feitos pela defesa do ex-ministro contra a decisão de Moraes.

Ele sustentou que o plenário do STF já reafirmou sua jurisprudência no sentido de não ser cabível habeas corpus impetrado contra decisão monocrática de ministro da corte.

A defesa de Torres alegou piora do seu quadro psíquico e risco de suicído ao pedir mais uma vez a liberdade do ex-ministro, na quarta-feira (26).

Segundo os advogados, caso ele não seja solto, "a única certeza que se tem é que seu estado mental tenderá a piorar". Também argumentou que a sua prisão preventiva é ilegal pelo seu período de duração.