"Não estamos interessados em tomar lados, mas em preservar canais de diálogo com todos, única maneira de contribuir efetivamente para a construção de espaços de negociação que conduzam à paz efetiva e sustentável", argumentou Vieira.
Conselho de Segurança da ONU
O senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), ao se referir à guerra entre Rússia e Ucrânia, defendeu revisão do modelo de composição de membros e votação no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para evitar que conflito internacionais como este se arrastem e deixem consequências negativas às populações locais e ao mundo.
Os membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, fundado em 1945, são as cinco grandes potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial. (Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, França e China).
O ministro Mauro Vieira concordou com a necessidade de reforma deste organismo internacional para ser mais efetivo. “Não é possível que, 78 anos depois da criação da organização, ainda continuamos com as regras de 1945. O mundo já não é mais o mesmo. Hoje, há 193 países.”
O chanceler enumerou nações que precisam participar de decisões mundiais sobre paz e segurança, no Conselho de Segurança da ONU, como os grandes países em desenvolvimento, e citou o próprio Brasil, Índia e Indonésia. Ele lamentou que países do continente e africano e da América Latina não estejam tenham assento neste órgão internacional.
“Há um movimento que, não são de todos, mas dos membros permanentes. Sempre são mais reticentes à qualquer mudança que tire ou, que pelo menos, divida o prestígio e o poder com outros”.
Para o ministro, o Conselho de Segurança precisa contemplar mudanças geopolíticas ocorridas desde o fim da Segunda Guerra Mundial, quando o foro foi criado.
"Renovamos o nosso compromisso com a promoção da reforma internacional, a começar pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. O atual contexto internacional marcado pelo agravamento de tensões geopolíticas e a disputa entre potências requer mais do que nunca de um sistema internacional renovado e democratizado, com maior representatividade legitimidade e eficácia", disse.
Brics
O chanceler declarou também que dentre as prioridades do Brasil está a retomada da articulação junto ao Brics, bloco econômico integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
"Retomamos o nosso pleno engajamento com os Brics, mecanismo indispensável para um mundo verdadeiramente multipolar. A próxima cúpula do Brics, a realizar-se em agosto próximo, sob a presidência de turno da África do Sul, será oportunidade para renovarmos os esforços conjuntos em prol da governança global e do fortalecimento do multilateralismo"
Vieira destacou a eleição da ex-presidenta Dilma Rousseff no comando do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), conhecido como Banco dos Brics.
"Isso é sinônimo de prestígio, mas certamente uma oportunidade de orientar a agenda de concessão de créditos da instituição, que tem ampla capacidade de financiamento de projetos estruturantes e de desenvolvimento", argumentou.
Audiência pública
Durante a audiência pública no Senado, o ministro Mauro Vieira ainda fez um balanço da agenda internacional do governo federal, desde janeiro de 2023. Entre as prioridades do Brasil estão a recuperação da integração regional, combate às mudanças do clima, enfrentamento à fome e insegurança alimentar, apoio a brasileiros no exterior, ampliação do intercâmbio comercial, entre outras.
Na sessão da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal, desta quinta-feira, ainda vão ser sabatinados pelos senadores os diplomatas do Itamaraty que são candidatos a oito postos em embaixadas do Brasil, no exterior.
Matéria atualizada às 13h30 para acréscimo de informações.