Carpete da Câmara terá de ser todo trocado após danos do 8/1
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A Câmara dos Deputados vai trocar todos os 2.000 metros quadrados de carpete do Salão Verde, a um custo de R$ 626 mil, em decorrência de danos sofridos nos ataques golpistas por bolsonaristas de 8 de janeiro.
A Casa afirmou que não conseguiu fazer reparos pontuais nos estragos, que estariam causando risco de quedas por causa de desníveis.
Para isso, ao menos duas obras de arte já foram retiradas dos locais de exibição no salão, o principal ponto de circulação da Câmara e porta de entrada para o plenário de votações.
São a escultura de anjo, de Alfredo Ceschiatti, e o Painel Muro Escultório, de Athos Bulcão, que chegou a ser quebrado pelos vândalos no dia da invasão. O bronze fundido de Ceschiatti foi embalado e acondicionado em um espaço contíguo ao salão.
O carpete já deveria ter sido trocado, mas a Câmara devolveu ao fornecedor o primeiro material recebido sob o argumento de que ele tinha problemas na uniformidade da cor.
"O carpete está sendo integralmente substituído em razão dos prejuízos causados ao material pelos invasores no 8 de janeiro", afirmou a Câmara.
"A substituição parcial de trechos mais danificados do carpete ?realizada pouco tempo depois da invasão, a partir de uma reserva técnica do produto mantida pela Câmara? não apresentou bons resultados, já que as emendas deixaram alguns desníveis no piso, que podem causar quedas", completou, em nota.
Os ataques de 8 de janeiro, promovidos por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), resultaram na invasão e depredação da Câmara dos Deputados, do Senado, do Supremo Tribunal Federal e do Palácio do Planalto, além de saque de objetos de valor.
Projeções feitas logo após a invasão davam conta que só no Senado e na Câmara o prejuízo passaria de R$ 7 milhões. No STF, o custo inicial de reparo estava na casa de R$ 6 milhões.
No Planalto, a tela "Mulatas", de Di Cavalcanti, e a escultura "Galhos e Sombras", de Frans Krajcberg, foram vandalizadas.
Outro item danificado na sede do Executivo foi o relógio trazido ao Brasil por dom João 6º, em 1808. A obra foi desenhada por André-Charles Boulle e fabricada pelo relojoeiro francês Balthazar Martinot no fim do século 18.
A Procuradoria-Geral da República já denunciou 1.390 pessoas pelo quebra-quebra na praça dos Três Poderes. Dessas, o STF já aceitou a denúncia contra 1.044, o que os levou à condição de réus.
Em outra frente que tramita na Justiça Federal, a AGU (Advocacia-Geral da União) ajuizou ações para buscar o ressarcimento dos prejuízos causados aos cofres públicos.
Em três pedidos, segundo o órgão, foi solicitada a indisponibilidade de bens de um total de 134 pessoas e sete empresas, incluindo aquelas acusadas de financiar o fretamento dos ônibus que transportaram os apoiadores de Bolsonaro a Brasília nos dias que antecederam os atos.
A Justiça Federal acolheu os argumentos dos advogados da União e decretou o bloqueio de patrimônio de parte dos envolvidos. A medida visa assegurar, ao final dos processos, o recebimento dos valores reivindicados. A AGU estimou inicialmente prejuízo total de R$ 18,5 milhões.