Senador Marcos do Val é alvo de operação da PF e tem redes bloqueadas por Moraes

Por THAÍSA OLIVEIRA E FABIO SERAPIÃO

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A Polícia Federal cumpre na tarde desta quinta-feira (15) mandados de busca e apreensão em endereços do senador Marcos do Val (Podemos-ES).

A operação foi autorizada por Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). O ministro ordenou ainda o bloqueio de redes sociais do senador.

A conta de Do Val no Twitter aparece agora com a mensagem "Conta retida. A conta de @marcosdoval foi retida no Brasil em resposta a uma determinação legal". Já o Instagram informa que a conta do senador "não está disponível".

Na quarta (14), o senador afirmou em uma publicação no Twitter que as ações de Moraes são inconstitucionais.

"Seguindo o que determina a Constituição que cabe aos senadores fiscalizar, afastar e até impeachmar [sic] ministros do STF. É notório em todos os meios jurídicos e entre e entre os magistrados, por todo o Brasil, as ações anticonstitucionais do ministro Alexandre de Moraes", escreveu.

O ministro determinou a abertura de investigação contra Do Val em fevereiro para apurar suspeita da prática dos crimes de falso testemunho, denunciação caluniosa e coação.

A assessoria do senador afirmou que ele está em Vitória (ES) e que "não há nada ainda para ser dito". "Vamos aguardar o desenrolar dos acontecimentos."

As buscas foram realizadas em endereços do senador em Brasília e Vitória, além do gabinete no Senado Federal.

Policiais federais saíram do Congresso com um malote e uma mochila. No apartamento do senador em Brasília, agentes deixaram o local com ao menos dois malotes.

A apuração contra Do Val foi aberta após ele fazer uma transmissão ao vivo pelas redes sociais na qual afirmou que a revista Veja publicaria uma reportagem mostrando que Bolsonaro tentou coagi-lo a "dar um golpe de Estado junto com ele".

Horas depois, o senador recuou da acusação direta e disse que Bolsonaro "só ouviu" o plano do ex-deputado federal Daniel Silveira e afirmou que iria pensar a respeito.

Moraes ao pedir a investigação disse que Do Val, ao ser ouvido como testemunha pela Polícia Federal a respeito do caso, apresentou "uma quarta versão dos fatos por ele divulgados, todas entre si antagônicas, de modo que se verifica a pertinência e necessidade de diligências para o seu completo esclarecimento".

Em 25 de maio, o senador publicou em suas redes sociais parte do relatório entregue pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência) ao Congresso Nacional com os informes de inteligência enviados pelo WhatsApp de 2 a 8 de janeiro.

Na ocasião, o senador destacou a palavra "STF" e escreveu: "O STF estava recebendo diariamente as informações da Abin sobre os ataques antidemocráticos que iriam ocorrer no dia 08 de janeiro. O ministro Alexandre de Moraes não tomou providências e ainda prendeu quase 2 mil pessoas no galpão da academia da polícia Federal, prendeu o comandante geral da PMDF e o ex ministro Anderson Torres".

Do Val leu parte do documento restrito na tribuna do Senado Federal em 30 de maio e publicou a íntegra do documento na segunda-feira passada, 12 de junho.

"Está claro, portanto, que os órgãos federais, tais como o Ministério da Justiça do Flávio Dino, o Gabinete de Segurança Institucional do então ministro GDias e STF e TSE, do ministro Alexandre de Moraes, foram devida e tempestivamente avisados da gravidade do que estava por acontecer", afirmou o senador na sessão plenária.

No dia 6 de junho, Do Val chegou a enviar um ofício a Moraes com oito perguntas. O senador questiona o ministro sobre diferentes assuntos, desde a petição aberta contra ele após a reportagem da Veja até a prisão de vândalos que depredaram os três Poderes.

"Como justificar as recentes decisões arbitrárias de Vossa Excelência em relação a este Senador, sem respeitar as prerrogativas do Senado Federal e o exercício da representação popular?", questiona o parlamentar no ofício.

"Finalmente, como explicar que a atuação de um único Ministro do STF, no caso, Vossa Excelência, esteja causando tanta insatisfação e desgaste nas relações entre os Poderes da República, desconforto manifestado, publicamente, por vários parlamentares?"