Exilados nicaraguenses denunciam 'terror' de Ortega em carta ao Foro de SP
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em carta aos dirigentes do Foro de São Paulo, 15 dos principais opositores do regime da Nicarágua, todos exilados, chamam Daniel Ortega, que comanda o país, de "o pior dos ditadores neoliberais".
A carta foi enviada por causa do encontro do Foro, que reúne partidos latino-americanos de esquerda, previsto para Brasília entre 29 de junho e 2 de julho. A Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), partido de Ortega, é um dos membros da entidade.
Segundo os signatários do documento, a Nicarágua vive um "regime de terror, que viola cotidianamente todas as liberdades civis, aniquila a democracia e a justiça e submete o povo a uma opressão pior do que a imposta pela ditadura anterior". Eles se referem ao regime de Anastasio Somoza, derrubado pelos sandinistas em 1980.
Assinam o documento, entre outros, Sergio Ramírez, que foi vice-presidente em um dos mandatos de Ortega, a poetisa Gioconda Belli e a ex-guerrilheira Dora María Téllez, uma das comandantes da revolução. Todos são ex-aliados do atual ditador e chegaram a ser presos. No começo do ano, foram expulsos do país e tiveram sua cidadania cassada. Por isso, assinam a carta como "desnacionalizados".
A referência ao "neoliberalismo" de Ortega se deve ao fato de ele ter tentado fazer uma reforma da Previdência em 2018 que foi o estopim de uma série de protestos no país.
"Pedimos aos partidos e organizações que compõem o Foro de São Paulo que denunciem e condenem o regime de terror na Nicarágua, que é incompatível com os princípios de uma esquerda que pretende ser uma alternativa às injustiças do mundo em que vivemos", escrevem os opositores.