Indicação para comando do Ibama no Paraná trava após pressão do MPF

Por CATARINA SCORTECCI

CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) - A cadeira de superintendente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) no Paraná segue aberta, na esteira de uma polêmica envolvendo a principal cotada para ocupar a vaga, a advogada de Curitiba Andrea Godoy.

Procuradores da República no Paraná que atuam na área do meio ambiente reclamam que a advogada não tem nenhuma qualificação no ramo do direito ambiental.

No início de junho, os procuradores da República Monique Cheker e Raphael Otávio Bueno Santos assinaram uma recomendação encaminhada para a Casa Civil e para o Ministério do Meio Ambiente na tentativa de impedir a indicação da advogada, cujo escritório costuma atuar em pautas ligadas a sindicatos e ao PT.

A Godoy Advocacia atua, por exemplo, como assistente de acusação no caso do Marcelo Arruda, o guarda municipal e militante petista morto a tiros pelo policial penal bolsonarista Jorge Guaranho em julho de 2022, em Foz do Iguaçu. Os sócios do escritório também assinaram recentemente a ação levada pelo PT ao STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar barrar a privatização da Copel (Companhia Paranaense de Energia).

"Tendo sido graduada em Administração, Odontologia e Direito, a candidata possui especializações e cursos de aperfeiçoamento majoritariamente nas áreas de direito e saúde e direito de família", apontam os membros do MPF (Ministério Público Federal).

A Casa Civil respondeu ao MPF, informando que encaminhou o assunto para o Ministério do Meio Ambiente. No Ibama, contudo, a questão segue aberta.

Em nota encaminhada à reportagem, o Ibama disse que a nomeação para o cargo de superintendente titular no Paraná "está sendo analisada" e que, atualmente, o servidor Ralph de Medeiros Albuquerque é quem responde como superintendente substituto.

"O Instituto trabalha para que uma parte significativa das superintendências sejam ocupadas por servidores de carreira, principalmente em estados que apresentam altas taxas de desmatamento, como Amazonas, Mato Grosso e Pará", acrescentou o Ibama.

A reportagem fez contato com o escritório da advogada, mas não teve resposta.