Sérgio Cabral diz que quer concorrer a deputado em 2026 após 6 anos preso
RIO DE JANEIRO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral afirmou que pensa em se candidatar a deputado federal nas eleições de 2026.
A declaração foi dada ao jornalista Eduardo Tchao, que a publicou em seu perfil no Instagram.
No vídeo, Cabral é questionado para qual cargo pensa em disputar. O ex-governador responde: "Deputado federal, caso eu possa e a Justiça me permita. É um cargo que nunca exerci e que eu gostaria de ver a pluralidade brasileira, conhecer mais o Brasil profundamente. Com mais de 500 deputados federais, você vai entender mais o Brasil e defender o Rio de Janeiro".
Preso em 2016 na Operação Lava Jato, Cabral deixou a cadeia em dezembro de 2022, por ordem do Supremo Tribunal Federal, após mais de seis anos detido.
Em fevereiro, a Justiça revogou a última ordem de prisão domiciliar que havia contra o ex-governador, e ele cumpre hoje apenas medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica.
Mesmo livre, porém, o político não está apto a disputar uma eleição por causa da Lei da Ficha Limpa, já que ele foi condenado em segunda instância.
Desde que foi solto, Cabral tem apostado no engajamento nas redes sociais, tentando atuar como um influenciador, e voltou a circular entre os políticos do Rio. No YouTube, criou um programa chamado "Papo com Cabral", em que fala, por exemplo, de acontecimentos de sua carreira política.
O tom de Cabral é bem diferente de quando concedeu entrevista na prisão à Folha, em 2021. Na ocasião, contou que se desfiliou de seu partido, o MDB, disse que não era mais "um agente político" e que não queria mais envolvimento com a política. "É uma decisão de vida."
Duas das 21 condenações contra Cabral que ainda permanecem válidas já tiveram decisão definitiva por órgão colegiado. Desde que foi preso, o ex-governador chegou a acumular cinco mandados de prisão, 37 ações penais (sendo duas sem relação com a Lava Jato) e 24 condenações a penas que, somadas, ultrapassaram 400 anos de prisão.
Algoz de Cabral, o juiz federal Marcelo Bretas, que era o responsável pela maior parte dos processos contra o ex-governador, foi afastado de suas funções neste ano pelo Conselho Nacional de Justiça para investigar supostas irregularidades na condução das ações.
Entre as acusações a que Cabral responde, há a denúncia de que ele cobrava 5% de propina nos grandes contratos de seu mandato à frente do Governo do Rio de Janeiro (2007-2014). As investigações da época também descobriram contas com cerca de R$ 300 milhões no exterior em nome de laranjas, além de joias e pedras preciosas usadas, segundo o Ministério Público Federal, para lavagem de dinheiro.
Na trajetória política de Cabral, ele nunca assumiu uma cadeira na Câmara dos Deputados. Antes de ser governador do Rio por dois mandatos seguidos, o político foi senador (2003 a 2006) e deputado estadual (1991 a 2003). No período que esteve na Assembleia Legislativa do Rio, Cabral foi presidente da Casa e sucedido pelo aliado Jorge Picciani, também preso na Lava Jato.