Nunes diz que não há fato novo para justificar Marta com Boulos
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse à Folha de S.Paulo não ver um fato novo que justifique a saída de Marta Suplicy, secretária de Relações Internacionais, do seu governo e afirma que só lhe cabe aguardar neste momento.
Nunes pontua que sempre deixou claro que queria ter o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em sua campanha à reeleição neste ano ?a aliança com o bolsonarismo é a razão que afasta a ex-prefeita do seu palanque, de acordo com petistas.
"Não tem um fato novo, eu sempre falei de forma transparente do apoio do ex-presidente. Isso foi amadurecendo. Não é algo que apareceu agora, já é público para todo mundo", disse Nunes à Folha de S.Paulo nesta terça-feira (9), enumerando seus encontros com Bolsonaro ao longo do ano passado.
Marta indicou ao presidente Lula (PT) que aceita ser vice na chapa de Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura de São Paulo. O anúncio oficial só depende de uma conversa dela com Nunes, na semana que vem, quando ela volta de férias.
Marta se encontrou nesta segunda-feira (8) com Lula no Palácio do Planalto, ocasião em que o presidente formalizou o pedido para que ela retorne ao PT e seja vice na chapa de Boulos.
Questionado pela reportagem sobre a possível saída de Marta, Nunes voltou a dizer que não acredita que isso vá acontecer. "Pode até acontecer, mas eu sinceramente não consigo ver isso. Temos uma relação muito boa, de amizade. A Marta é minha conselheira", afirmou.
Para aliados do emedebista, o sentimento, caso a ex-prefeita concretize a mudança de lado, será de traição. Como mostrou o Painel, auxiliares de Nunes se incomodam com o silêncio da secretária durante todo o processo de negociação com o PT.
"Ela não falou comigo em nenhum momento. Não ligou, não mandou mensagem. Então, estou aguardando ela voltar de férias para conversar. Se tivesse alguma coisa, ela teria me dito", completou o prefeito.
Nunes afirmou ainda que "não faria seu estilo" demitir Marta ?há críticas de que o prefeito deveria ter dispensado a ex-prefeita assim que os rumores sobre ser vice de Boulos tiveram início.
"Não é meu estilo mandar embora se não faz do meu jeito. Ela apoiou Lula em 2022, e o candidato dele aqui é o Boulos. Eu nunca questionei isso, nunca questionei que ela fez campanha para Lula. Eu gosto dela, tenho carinho por ela, admiro ela", disse.
Questionado pela Folha de S.Paulo se ele teria trocado Marta por Bolsonaro no palanque, Nunes disse que haveria espaço para todos. "Sempre deixei claro que era importante ter a união do centro e da direita. O exercício verdadeiro da democracia é dialogar com todo mundo. Eu tive boa relação com o governo Bolsonaro e tenho boa relação com o governo Lula."
Aliados do prefeito reforçam a avaliação de que a mudança de lado de Marta não se justifica politicamente e lembram que ela, apesar de não ver com entusiasmo a aliança com Bolsonaro, sabia que esse apoio era importante do ponto de vista de estratégia eleitoral para conquistar os votos da direita e derrotar Boulos.