Nunes diz que Bolsonaro e PL indicaram ex-Rota como vice, mas nega definição

Por CAROLINA LINHARES

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou nesta segunda-feira (29), após reunião com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que recebeu dele e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a sugestão de que seu vice seja o coronel da reserva da Polícia Militar Ricardo Mello Araújo, mas que não há decisão tomada.

"Resumidamente, a gente vai apresentar para todo mundo que vai participar da nossa campanha e tomar uma definição. Não saiu nada definido, mas eu recebi a indicação do nome hoje", disse Nunes, que quer o embarque dos bolsonaristas no seu projeto de reeleição.

Bolsonarista, Mello Araújo foi presidente da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) e ex-comandante da Rota.

Já o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) opinou que a escolha de um vice deve partir de Nunes e, contrariando o movimento de Bolsonaro e Valdemar pela indicação da vaga, afirmou: "Não cabe a mim nem a ninguém ficar indicando vice para o Nunes".

O prefeito disse ainda que não há prazo ou pressa para o anúncio de um nome, algo que ele afirmou que costuma ocorrer próximo das convenções partidárias, em julho.

"Falamos que é importante apresentar para os demais partidos. É um bom nome o coronel Mello, mas a gente precisa agora ver os outros nomes que estão postos", completou Nunes.

Em nota divulgada à imprensa, Valdemar, que tem costurado a aliança entre Nunes e Bolsonaro por meio da vaga de vice, afirmou que levou ao prefeito o nome de Mello Araújo, que "foi muito bem aceito".

O presidente do PL também mencionou os outros nomes que estão credenciados, segundo ele, para ocupar a vice: o deputado estadual Tomé Abduch (Republicanos), a secretária estadual das Mulheres, Sonaira Fernandes (Republicanos), e a delegada Raquel Gallinati. "Nunes está me surpreendendo, todo mundo quer ser vice dele", declarou na nota.

Em live da noite de domingo (28), o ex-presidente Bolsonaro indicou que pretende apoiar Mello Araújo como vice do emedebista. "Vamos entrar com bom vice, que tenha boa rota", disse, sem citar o nome de Araújo.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, Araújo era a sugestão que Valdemar levaria a Nunes no encontro desta segunda.

"Não vou negar que fico feliz de receber de tantas sugestões de nomes. Se nossa campanha não estivesse em crescimento, não teria tanto interesse", disse o prefeito.

"É uma construção, diferente de outros partidos, a gente tem uma frente ampla para discutir. [...] Para que a gente possa chegar em um nome de consenso entre todos", completou Nunes, fazendo referência ao seu rival, Guilherme Boulos (PSOL), que teve Marta Suplicy indicada pelo PT para ser vice em sua chapa.

Depois da reunião com Valdemar, Nunes esteve ao lado de Tarcísio no anúncio da construção de um piscinão e da canalização de parte do córrego Antonico, no Morumbi (zona sul). O evento ocorreu dentro do estádio do Morumbi.

Ao falar com a imprensa, o prefeito afirmou que vai levar em conta a opinião de Bolsonaro e de Tarcísio para a escolha do vice. Já o governador ressaltou que caberá ao prefeito escolher alguém da sua confiança.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, Tarcísio e Mello Araújo tiveram rusgas no passado. Interlocutores do coronel dizem que ele ficou contrariado ao ser chamado para a equipe de agro, e não a de segurança, na transição ?e, mais tarde, não foi convidado por Tarcísio para integrar o governo.

Aliados de Bolsonaro, Nunes e Tarcísio se esquivaram de comentar a operação da Polícia Federal que investiga a chamada "Abin paralela" do governo passado e que fez buscas nos endereços de Carlos Bolsonaro (Republicanos), vereador no Rio e filho do ex-presidente.

De acordo com Valdemar, os próximos passos da escolha do vice serão uma conversa com Bolsonaro para avaliar os nomes levantados nesta segunda e a discussão dos cotados entre o prefeito e os demais partidos da coligação.