Tarcísio irá a ato após já ter defendido Bolsonaro de falas golpistas e negacionistas
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou na última semana que sempre estará ao lado de Jair Bolsonaro (PL), inclusive na manifestação organizada pelo ex-presidente para este domingo (25).
A demonstração de lealdade do ex-ministro de Bolsonaro não é inédita -veja outras vezes em que Tarcísio saiu em defesa do aliado em meio a acusações de que ele estaria minando a democracia.
'DEFESA É CONSIDERADA ATAQUE'
Em maio de 2022, ano em que disputou a eleição ao Governo de São Paulo, Tarcísio foi questionado em sabatina Folha/UOL sobre os ataques de Bolsonaro ao STF (Supremo Tribunal Federal). Ele respondeu que "muitas vezes ele se defende, e essa defesa é considerada um ataque". O ex-ministro deu como exemplo o indulto concedido pelo ex-presidente ao ex-deputado federal Daniel Silveira -ao qual se referiu como um "remédio constitucional".
Ele também foi questionado sobre a participação de Bolsonaro no 7 de setembro, e a afirmação do ex-presidente de que não respeitaria decisões do Supremo. Tarcísio respondeu: "No final das contas, nada disso aconteceu, teve uma situação de acirramento, de ânimos, e logo depois a gente teve um gesto. E considero que essa questão do 7 de setembro é superada".
'FRUTO DA DEMOCRACIA'
Em junho de 2022, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Tarcísio foi questionado se ainda apoiaria Bolsonaro no caso de uma invasão ao Congresso semelhante ao ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. "Isso não vai acontecer no Brasil. Não vai acontecer. O presidente é fruto da democracia", o atual governador respondeu.
A jornalista e apresentadora Vera Magalhães o interpelou, dizendo que Bolsonaro defendia a ditadura. Tarcísio respondeu que não via o aliado "fazer defesa da ditadura". "No final das contas, nós temos um sistema democrático maduro que não corre risco de ruptura. A gente vai ter um processo democrático agora no final do ano, as eleições vão transcorrer tranquilamente, vamos ter os vencedores tomando posse", afirmou.
Tarcísio também disse que estava seguro de que as eleições aconteceriam normalmente e que não haveria questionamentos sobre o resultado.
'FIM DA PICADA'
Em agosto de 2022, Tarcísio afirmou que a carta pela democracia lida na faculdade de Direito da USP, em resposta aos ataques golpistas de Bolsonaro, não fazia o menor sentido. Em sabatina promovida pelo jornal o Estado de S. Paulo em parceria com a Faap (Fundação Armando Alvares Penteado), ele afirmou que achava "o fim da picada" que alguns signatários da carta se diziam defensores da democracia no Brasil, mas apoiavam os regimes da Nicarágua e da Venezuela.
Questionado se ficava constrangido com os ataques de Bolsonaro contra as urnas eletrônicas, Tarcísio respondeu que constrangedor era ter um "ex-preso" concorrendo à Presidência, em referência ao atual presidente Lula (PT).
'LIDERANÇA INQUESTIONÁVEL'
Em junho de 2023, depois que Bolsonaro foi considerado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Tarcísio saiu em defesa do aliado nas redes sociais. O ex-presidente foi condenado por ter feito falsas acusações contra o sistema eleitoral em uma reunião com embaixadores estrangeiros.
"A liderança do presidente Jair Bolsonaro como representante da direita brasileira é inquestionável e perdura. Dezenas de milhões de brasileiros contam com a sua voz. Seguimos juntos, presidente", escreveu o atual governador.
SILÊNCIO
Apesar de ter afirmado durante a campanha eleitoral que discordou de Bolsonaro quanto à aplicação das vacinas contra a Covid-19, Tarcísio participou de ao menos duas lives em que o aliado fez críticas aos imunizantes e não o interpelou em nenhum momento. "Quem já contraiu o vírus tem mais anticorpos do que qualquer pessoa que já tenha tomado qualquer vacina. Por que essa pressão por vacina? Será por interesse comercial?", disse Bolsonaro em uma delas, em setembro de 2021, com Tarcísio ao seu lado, em silêncio.
Já governador, em fevereiro de 2023, Tarcísio sancionou projeto de lei que proibia a exigência do comprovante de vacinação. Além disso, ele enviou à Assembleia outro projeto, que acabou aprovado, incluindo anistia às multas aplicadas na pandemia de Covid-19, beneficiando Bolsonaro.