Boulos diz que atritos entre Marta e Erundina serão superados na campanha

Por FLÁVIO FERREIRA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) negou neste sábado (16) que possam ocorrer constrangimentos ou dificuldades entre a sua vice Marta Suplicy (PT) e a aliada Luiza Erundina (PSOL-SP), que já fez críticas contundentes à petista em campanhas passadas.

Na tarde deste sábado (16), ex-prefeita (1989-1992) e atual deputada federal Erundina participou pela primeira vez de um evento de pré-campanha de Boulos, realizado no Sindicato dos Professores de São Paulo, na zona sul da capital.

Indagado sobre a relação entre Erundina e Marta, também ex-prefeita paulistana (2001-2004), Boulos disse que elas estarão juntas na campanha.

"Não tenho dúvida de que nós teremos logo mais a presença, é só fazer ajustes de agenda, dos três ex-prefeitos [Erundina, Marta e Fernando Haddad] que estão nos apoiando no mesmo palanque, no mesmo evento."

Erundina disse que, apesar de considerar um equívoco do PT a escolha de Marta para a vice, ela vai trabalhar junto com a ex-senadora na campanha.

"Passado é passado. Nós temos uma tarefa importante a realizar que é ganhar as eleições, não para nossos partidos, mas para a população", disse.

A deputada já teceu duras críticas a Marta no passado. Em 2016, quando as duas disputavam a Prefeitura de São Paulo, Erundina disse que Marta era uma "traidora do povo" e não havia passado no teste "como feminista", pois apoiava o governo "ilegítimo" e "machista" de Michel Temer (MDB).

Ela também criticou Marta por ter deixado o PT no momento "mais trágico da história" do partido e que havia traído a legenda, a esquerda e o povo.

Em 2020, Erundina lamentou que Marta estivesse fazendo campanha para Bruno Covas (PSDB) dentro de um carro adaptado para proteção contra a Covid-19, ideia que já vinha sendo executada por ela no chamado "Cata Voto". A ex-prefeita viu a atitude da ex-senadora como imitação.

Em discurso neste sábado, o pré-candidato do PSOL prometeu reverter a tercerização de CEUs (Centro Educacionais Unificados) e aumentar a participação popular na gestão das escolas.

Boulos e Ricardo Nunes (MDB) lideram tecnicamente empatados a nova pesquisa Datafolha sobre a corrida eleitoral de 2024 para a Prefeitura de São Paulo.

Com a polarização nacional consolidada no pleito municipal, Boulos marca 30% e Nunes tem 29% --estão isolados do segundo pelotão de pré-candidatos. O psolista tem o presidente Lula (PT) como seu cabo eleitoral, enquanto o prefeito conta com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Na disputa pela prefeitura, Boulos é o pré-candidato mais rejeitado: 34% dizem não votar nele de forma alguma, enquanto 26% dos eleitores rejeitam Nunes.

O Datafolha ouviu 1.090 eleitores nos dias 7 e 8 de março. O primeiro turno da eleição será no dia 6 de outubro, e a campanha começará oficialmente em agosto.