Melhoria do transporte público é apontada como solução em JF

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Melhoria do transporte público é apontada como solução para desafogar o trânsito em JF

Transporte troncalizado é levantado como alternativa. Construção de ciclovias e obras no entorno do perímetro urbano também são cogitadas

Andréa Moreira
Repórter
4/8/2012

Dando continuidade à série de reportagens do Portal ACESSA.com que tem como objetivo apurar possíveis falhas, problemas e apresentar propostas para diferentes segmentos que constituem a cidade, neste sábado, 4 de agosto, chega a vez do transporte e trânsito de Juiz de Fora.

A frota de veículos da cidade teve um aumento de 83,75% em dez anos. De acordo com dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), em 2002, o município tinha 108.838 carros. Já em junho deste ano, a frota aumentou para 199.991. Só na subcategoria automóveis, o número subiu de 81.740, em 2002, para 137.097, em 2012, o que representa um crescimento de 67,72%. Mas o número mais expressivo é das motocicletas. Há dez anos, o município possuía 8.023, e até o último mês, este número havia subido para 26.459, chegando à surpreendente elevação de 329,78%.

Para o professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e engenheiro de transportes, José Alberto Castañon, este índice pode ser ainda maior. "Temos que levar em consideração que, como Juiz de Fora é uma cidade polo, muitas pessoas compram veículos e emplacam aqui. Por outro lado, a cidade é universitária, o que faz com que muitos estudantes, que moram aqui, tragam seus carros para cá, aumentando ainda mais a frota local."

Tantos veículos circulando pelas vias, principalmente nas centrais, geram engarrafamentos, o que prejudica a mobilidade urbana. E um dos motivos para estes transtornos é a defasagem do atual Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, como destaca Castañon. "Os técnicos, atualmente, trabalham com um Plano Diretor de 1996, ou seja, um documento que foi estruturado há mais de uma década. Sem falar que, hoje em dia, temos novos paradigmas de mobilidade urbana, que devem ser levados em conta. Além disso, precisamos aceitar que o desejo dos motoristas e pedestres são diferentes de doze anos atrás."

O pedestre

Para o professor, o pedestre é a principal vítima da falta de planejamento do trânsito em Juiz de Fora. "Atualmente, o pedestre está largado à própria sorte. Vimos várias obras na cidade e não houve nenhum aumento no tamanho das calçadas, pelo contrário, algumas até foram reduzidas. E olha que nem vamos entrar na questão de acessibilidade dessas calçadas. O que vemos são passeios intransitáveis", afirma.

O especialista em planejamento urbano e engenharia de tráfego, Luiz Antônio Costa Moreira, também acredita que o pedestre não tem prioridade no município. "Para mim, as mudanças que ocorreram foram mais estéticas. Estes traffic calmings implantados na avenida Rio Branco não têm função, pois este tipo de elevação só deve ser usada onde não há semáforos. E, como eles foram instalados bem embaixo dos sinais, perdem a sua função. O próprio semáforo já indica se o pedestre deve seguir ou não. A única coisa que eles fazem é diminuir a velocidade dos carros e ônibus, fazendo com que o trânsito fique mais lento", destaca.

Táxis

O município de Juiz de Fora possui 545 táxis, sendo que dez destes são adaptados. Este número, de acordo com o presidente do Sindicato dos Taxistas de Juiz de Fora, Aparecido Fagundes da Silva, é suficiente para atender à população. "O problema na cidade é a má distribuição dos carros nos pontos, principalmente no Centro, nos horários de pico."

Mas, de acordo com Silva, uma nova lei que entregou em vigor na cidade no final de julho deve resolver este problema. "Esta lei trata do que chamamos de regra de pescaria. Por exemplo, nos pontos de um a cinco carros, só podiam parar um carro que não era do ponto. Nos pontos de cinco a dez, poderiam parar dois veículos e nos pontos com mais de dez carros, só poderiam parar três carros pescadores. Agora, não existe mais este limite. Então, se tiver passageiro no ponto, o táxi pode parar." Ainda de acordo com Silva, os três pontos mais críticos na cidade ficam localizados no centro. "Nos horários de pico, os taxistas que ficam nos bairros podem vir para o centro atender a demanda da população."

Os textos são revisados por Mariana Benicá