Comissão de ?tica da Câmara pode pedir cassação do mandato de João do Joaninho
Comissão de Ética da Câmara pode pedir cassação do mandato de João do Joaninho
Duas denúncias contra o vereador, supostamente envolvido no crime ambiental, foram protocoladas na Ouvidoria da Câmara Municipal de Juiz de Fora
Repórter
18/06/2015
O vereador João do Joaninho (DEM) pode ter seu mandato cassado, dependendo do parecer da Comissão de Ética e do Decoro Parlamentar da Câmara Municipal de Juiz de Fora. Duas denúncias contra o parlamentar, supostamente envolvido em um crime ambiental ocorrido no último dia 11 de junho, na represa Chapéu D'Uvas, já foram protocoladas na Ouvidoria da Câmara e encaminhadas à Comissão nesta quinta-feira, 18. Foram oficializadas denúncias pela Sociedade Juizforense de Proteção aos Animais e Meio Ambiente, com assinatura de Maria Elisa de Souza e pela Aliança Juizforana pela Defesa dos Animais (AJUDA), assinada por Antônio José Vieira.
Nesta quinta, a partir das 17h30, os parlamentares José Fiorilo (PDT), Nilton Militão (PTC) e Oliveira Tresse (PSC), da Comissão de Ética, vão se reunir com o procurador da Câmara, Manoel Denezine, em reunião ordinária, para traçar os próximos passos. "Não queremos fazer nada fora do que determina a lei, seguindo o regime interno para não termos problemas futuros. Ainda vamos ouvir o vereador e agendar outras reuniões", explica Fiorilo, presidente da comissão.
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Para que a comissão começasse a atuar de forma efetiva, era necessário a provocação em forma de denúncia protocolada. Porém, mesmo antes disto, o vereador destaca que ele e os outros membros já tinham iniciado os trabalhos, colhendo informações na mídia, conversamos com a delegada Dolores Tambasco, titular do Núcleo de Atendimento às Ocorrências de Maus-Tratos a Animais, da Polícia Civil, para atualizar informações sobre o andamento do inquérito. "Por a delegada ainda não ter o depoimento do vereador, nós encaminhamos uma requisição para o comparecimento do João do Joaninho à delegacia. Agora vamos aguardar o fechamento do inquérito, sendo que podemos pedir mais informações antes mesmo deste prazo."
O parlamentar completa que também será agendada uma reunião com a Ouvidoria da Câmara e com os representantes da Comissão de Meio Ambiente para dar continuidade ao processo de forma conjunta. Ele concluí que, dependendo do caminhar das discussões, e, principalmente, o enquadramento do vereador no inquérito da Polícia Civil, após encerrado, a Comissão de Ética pode avaliar punições que vão de advertência por escrito pública até a cassação do mandato. Esta decisão é colocada em plenário para votação pelos vereadores.
Comparecimento à delegacia
A delegada Dolores Tambasco, titular do Núcleo de Atendimento às Ocorrências de Maus-Tratos a Animais, informou que Joaninho pode ser indiciado por crime contra a fauna, conforme descrito no artigo 29 da Lei 9.605/1998, e porte de arma de fogo. O parlamentar prestou depoimento na última terça-feira, 16, durante três horas. Já na quarta, 17, policiais militares que estavam na ocorrência em Chapéu D'Uvas foram ouvidos. Nos próximos dias, a delegada também irá colher os depoimentos de testemunhas que estavam no local e fazer novas diligências. O homem, 51, que estava no barco com João do Joaninho e confessou ser o proprietário da arma e ter abatido as três capivaras e o jacu, foi preso, teve o flagrante ratificado, pagou fiança, foi liberado e indiciado.
Depois de prestar depoimento, o vereador concedeu entrevista coletiva na Câmara Municipal, onde falou pela primeira vez com a imprensa. Na conversa, ele chegou a chorar e negou participação no crime, afirmando que não sabia que os animais estavam abatidos na embarcação e que estava na lancha apenas de carona.