No Dia Mundial do Vegetarianismo, comemorado neste domingo, conheça o estilo de vida que é sustentável e consciente pela causa animal
Neste domingo, 1º de outubro, é comemorado o Dia Mundial do Vegetarianismo, data criada em 1977 pela Sociedade Vegetariana dos Estados Unidos com a intenção de conscientizar a população sobre a causa dos animais e sobre os benefícios dos alimentos à base de plantas. No Brasil, segundo um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) em 2018, aproximadamente 30 milhões de pessoas aderiram ao vegetarianismo. Entretanto, mesmo com o aumento do interesse por esse estilo de vida, estima-se que apenas 5% da população mundial seja vegetariana.
Mas afinal, o que é vegetarianismo? Diferentemente do movimento vegano, onde as pessoas evitam contato com qualquer produto que tenha origem animal, o vegetarianismo é um estilo de vida que exclui todos os tipos de carne da própria alimentação, seja de boi, ave, porco, peixe ou frutos do mar. Além disso, ele engloba diversas vertentes e argumentos que vão desde a proteção dos animais e do meio ambiente até a melhoria na saúde.
Em busca de se adentrar no estilo de vida vegetariano, Thayná Thoni, 23, graduanda em Marketing, começou uma jornada de adaptação em 31 de março de 2019. Ela já conhecia o movimento desde nova, pois a sua mãe sempre foi vegetariana: “Eu demorei para me tornar vegetariana, apesar de conhecer a causa desde criança. A minha mãe já era vegetariana, só que isso não me passava pela cabeça ainda, porque ela fazia carne pra gente apesar de não comer.”
Alguns anos depois, quando Thayná saiu da cidade onde cresceu, em Lima Duarte, para morar em Juiz de Fora, sua cidade natal, começou a preparar seus próprios alimentos. Nessa época, ela consumia muitos conteúdos relacionados ao conceito ‘Lixo Zero’, que tratava sobre o encaminhamento correto dos resíduos recicláveis e a redução do uso de plástico. Redes sociais como essa, que produzem conteúdos sobre sustentabilidade, fizeram Thayná conhecer outras que abordaram o consumo de carne, “uma indústria que também polui o meio ambiente por destruir florestas para plantar soja e criar gado”: “Ali eu fui abrindo mais os meus olhos, dessa vez para o movimento do vegetarianismo, sabe? Aos poucos eu fui tomando conhecimento e vendo a crueldade que é feita com os animais e o quanto isso é prejudicial para o meio ambiente.”
Ao Portal, Thayná contou que se lembra perfeitamente do dia em que decidiu parar de comer carne. Foi quando ela, com 19 anos, estava em uma festa de aniversário da sua irmã mais nova. Para a festa, sua mãe havia feito vários tipos de comida para receber a família e, inclusive, muitas opções vegetarianas. “Nesse dia eu havia me servido apenas de carne, só que, enquanto eu estava ali comendo, eu olhei para o prato da minha irmã - eu lembro disso, porque foi um momento marcante - e vi que ela estava comendo só opções vegetarianas e mesmo assim estava um prato super atrativo e gostoso. Eu pensei: caramba! Acho que não precisava ter colocado essa carne aqui no meu prato. Acho que eu vou parar de comer”, conta.
Vegetarianismo, um estilo de vida
Para Thayná, o vegetarianismo não é uma dieta, mas sim um estilo de vida que adotou. Atualmente, ela mora em Rondônia e considera que muitas vezes não encontra opções para se alimentar quando sai de casa: “Toda vez que eu vou em algum lugar aqui no Norte, muitas vezes não tem uma opção para mim. Eu prefiro ficar sem comer do que ir contra algo em que acredito”, relata, considerando que essa é uma forma de contribuir com o meio ambiente e preservar a vida dos animais.
Principais dificuldades
Adotar uma nova forma de se alimentar não é fácil. É necessário um bom planejamento e paciência nessa trajetória. Para Thayná, não foi diferente. Ela considera que uma de suas maiores dificuldades era encontrar locais com opções vegetarianas e veganas: “Muitas vezes eu saía na rua e me dava vontade de comer uma coxinha, por exemplo, que era algo que eu gostava muito. Eu saía também com os amigos e todo mundo comia hambúrguer. Me dava vontade de comer, mas não tinha opção para mim.” O que deu certo para ela foi pesquisar os locais que ofereciam alimentos sem carne, dessa forma ela podia sair ou marcar com seus amigos, comendo com tranquilidade.
Perspectiva nutricional
Para entender mais sobre a visão nutricional da transição para o vegetarianismo, o Portal do Acessa conversou com a nutricionista Natália Rodrigues. Confira:
Quando uma pessoa decide ser vegetariana, quais são os principais pontos que ela precisa se atentar?
Quando uma pessoa resolve optar por uma alimentação vegetariana, ela precisa se atentar, primeiramente, para a ingestão de proteínas, pois o vegetariano exclui qualquer tipo de carne da alimentação. Essas proteínas animais podem ser substituídas por proteínas vegetais, como feijão, lentilha, grão-de-bico, tofu, soja e ervilha.
Não substituir as fontes de proteínas vegetais pode gerar uma carência de nutrientes necessários para o bom funcionamento do organismo, como aminoácidos, ferro e cálcio. Já para repor a vitamina B12, é necessário procurar um profissional para fazer a suplementação, pois é o único nutriente que dificilmente o vegetariano conseguirá ingerir suficientemente na dieta.
Com a mudança de hábitos, a pessoa nessa condição se encontra limitada em opções de alimentos, devido ao tempo de preparo, e acaba se alimentando com menos nutrientes do que deveria. Existem maneiras práticas de manter esse estilo de vida de forma realmente saudável?
É possível obter uma alimentação completa no vegetarianismo, porém, realmente ela precisa ter uma alimentação variada e rica em vegetais e leguminosas. Primeiramente, ela terá que entender que esse estilo de vida merece uma programação mínima no dia a dia. Como por exemplo, fazer o pré-preparo dos alimentos deixando frutas e legumes higienizados e frescos de fácil acesso. Outra dica também é fazer uso de alimentos prontos para consumo, como por exemplo as oleaginosas (castanha de caju, castanha-do-Brasil e nozes).
Atualmente, já encontramos com mais facilidade alimentos vegetarianos industrializados e minimamente processados, o que pode facilitar a vida dessa pessoa. Como por exemplo, biscoitos à base de soja, vegetais descascados e higienizados, e proteínas em pó.
Existem algumas estratégias para lidar com desafios comuns, como comer fora ou viajar como vegetariano?
É importante que o vegetariano procure o auxílio de um nutricionista para avaliar se existe alguma carência nutricional devido ao vegetarianismo. E que também converse com esse profissional sobre o estilo de vida "corrido", podendo ser necessário a suplementação desses nutrientes, já que, no dia a dia, ele não consegue ingeri-los através dos alimentos diariamente.
Um dos maiores desafios de comer fora de casa para um vegetariano é acabar ficando limitado a opções de massas, frituras e batatas, o que pode aumentar a ingestão de carboidratos e gorduras na alimentação de forma exagerada. Por isso, procure se planejar para esses momentos, que podem ser recorrentes. Uma sugestão simples é deixar marmitas prontas e, se possível, congeladas em casa. Assim, você poderá levá-las consigo sempre que precisar comer fora. Tente se programar e levar o máximo de alimentos que consome diariamente.
É também importante fazer uma pesquisa de quais restaurantes e lanchonetes possuem opções vegetarianas no local, tanto dentro da sua cidade quanto quando for viajar. Assim, você sempre terá opções para sair com os amigos e a família, sem deixar de socializar e sem ficar com fome ou prejudicar a qualidade da sua rotina alimentar.