Casas abandonadas e lotes vagos dificultam trabalho de agentes que atuam no combate é dengue, expondo população ao risco

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Segunda-feira, 3 de janeiro de 2011, atualizada às 16h

Casas abandonadas e lotes vagos dificultam trabalho de agentes que atuam no combate à dengue, expondo população ao risco

Aline Furtado
Repórter

O número de casas abandonadas e de lotes vagos em Juiz de Fora tem dificultado a atuação dos agentes de controle de endemias, que atuam no combate à dengue. "Quando o proprietário não é encontrado, não temos autorização para entrar", explica o coordenador geral de campo, Juvenal Marques Franco.

Com isso, a população fica exposta ao risco trazido por possíveis criadouros do Aedes aegypti. "Moro próximo a uma casa abandonada, que virou um depósito de lixo. Isso é perigoso porque, nesta época de chuvas, a água acumula. Já entramos em contato com a Prefeitura, por meio do Disque Dengue, mas nada foi feito, mesmo depois da visita dos agentes ao local", afirma a moradora da rua José Cerqueira, no bairro Bela Aurora, Ana Lúcia Estephani.

O mesmo problema vem sendo enfrentado pela moradora da rua Olívia Moreira, no Ipiranga, Divina Henriques. "Existem quatro lotes vagos próximos a minha casa. Cobramos a limpeza do local, mas o poder municipal não fez nada. O lixo acumulado é sempre um risco, o que percebemos pela quantidade de mosquitos. Em maio do ano passado, eu e minha filha tivemos dengue. Não quero isso de novo. Considero um absurdo, no caso de querer ter segurança, ser responsável pela limpeza de lotes que não são meus."

Somente no mês de dezembro, quando o Disque Dengue, que atende pelo (32) 3690-7000, foi reativado, foram contabilizadas 276 denúncias. Segundo informações da assessoria da Secretaria de Saúde (SS), os problemas mais denunciados são o acúmulo de lixo, caixas de água sem tampa, poças de água, além de vasilhames acondicionados de forma a facilitar o acúmulo de água.

"A tendência é que as denúncias aumentem no período chuvoso", destaca Franco. Ele explica que, após receber a denúncia, a equipe é enviada ao local a fim de orientar o morador. Outro fator que impede a entrada dos profissionais é a presença de menores sozinhos nas residências.

No ano passado, estava prevista a criação de uma legislação específica para o combate à dengue, com a possibilidade de aplicação de notificações e multas, de forma mais rígida, a proprietários de terrenos baldios e casas abandonadas. Entretanto, segundo a assessoria da Secretaria de Atividades Urbanas (SAU), a fiscalização segue atuando de acordo com o previsto no Código de Posturas, que determina que casas, mesmo abandonadas, devem ser mantidas limpas, assim como terrenos vagos.

A multa, no caso de descumprimento, pode ser superior a R$ 244,04. A assessoria da SAU informou, ainda, que não recebeu qualquer tipo de comunicação por parte da SS a respeito da dificuldade de localização de proprietários de casas e lotes abandonados.

Começa o LIRAa

Teve início, nesta segunda-feira, 3 de janeiro, o primeiro Levantamento do Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa) de 2011. Onze equipes, um total de 108 pessoas, estão visitando residências em diversos bairros de Juiz de Fora. "O LIRAa será realizado em toda a cidade e já temos equipes por toda Juiz de Fora", explica Franco. O objetivo da ação é verificar o índice de infestação predial por focos do mosquito da dengue por regiões/bairros. A partir dos dados obtidos, serão traçadas ações de combate ao vetor para os próximos meses do ano. A expectativa é de que o índice fique entre 2,5 e 3.

Os textos são revisados por Thaísa Hosken