Capsulite Adesiva ou Ombro Congelado - O que ??

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Capsulite Adesiva ou Ombro Congelado - O que ??
Amanda Beloti 13/08/2015

Capsulite Adesiva ou Ombro Congelado – O que é?

Hoje falarei de uma doença, no mínimo, curiosa. Que pode aparecer de repente e sumir também de repente. Que ainda tem as causas desconhecidas, mas que pode acontecer a qualquer hora e causar extremo desconforto! É a capsulite adesiva, ou popularmente chamada, "ombro congelado".

A capsulite adesiva, ou ombro congelado, é uma inflamação na cápsula articular do ombro:

A cápsula articular do ombro funciona como uma bolsinha, que contém o líquido da articulação. Este é responsável pela nutrição da cartilagem e pela lubrificação articular. A cápsula contém uma "folguinha", deixando um pouco do tecido mais frouxo para permitir que o ombro realize todos os movimentos enquanto estabiliza a articulação.

Na capsulite adesiva, existe uma inflamação desta cápsula, que se "enruga", diminui de tamanho e fica mais rígida. Ela causa dor, seguida de limitação dos movimentos normais do ombro.

Os movimentos normais do ombro são:

Na capsulite adesiva, os movimentos normais ficam comprometidos

A causa do ombro congelado é um grande mistério. Existem diversas possíveis causas para o seu surgimento, mas não se conhece exatamente como ele é originado. Já se sabe que a capsulite adesiva está relacionada a fatores genéticos e doenças auto-imunes (como as reumáticas), mas que é mais freqüente em pacientes com doenças hormonais (como diabetes e doenças de tireóide). Porém, ao mesmo tempo, pode ocorrer em indivíduos saudáveis. É mais comum em mulheres, entre 45-55 anos.

Outra situação que pode desencadear o "ombro congelado" é a permanência do ombro imobilizado por muito tempo (por exemplo, em tipóias ou gesso; ou então em alguns tipos de cirurgias longas, onde o paciente passa muitas horas com o braço aberto).

Hérnias de disco cervicais também podem ser desencadeantes de capsulite adesiva.

A capsulite adesiva é considerada uma doença auto-limitada, ou seja, vai curar mesmo sem tratamento. O grande problema é que essa cura sozinha pode levar até 2 ou 3 anos e a dor e as limitações podem ficar insuportáveis neste período de espera. Portanto, é impossível pedir ao paciente que aguarde, nestas circunstâncias, a cura espontânea. Por isto o tratamento deve ser procurado, para que a dor e a limitação sejam reduzidas, tornando, no mínimo, confortável para o paciente passar pela cura.

A doença ocorre em 3 fases diferentes, com características diferentes:

1) Fase inflamatória: começa a inflamação. A dor pode ser leve no início desta fase, mas depois vai aumentando e causando dificuldade de movimentação no paciente. Chega a ser uma dor insuportável e totalmente limitante. Ela é diferente das tendinites e bursites porque gera dor em qualquer movimento do ombro, enquanto as outras duas são em movimentos mais específicos. Essa fase pode durar até 9 meses.

2) Fase de rigidez: nessa fase há uma perda progressiva dos movimentos do ombro, que fica com sensação de "congelado" mesmo. A dor é de menor intensidade, embora ainda esteja presente. Nesta fase prevalece a perda dos movimentos e a rigidez da articulação. É como se o braço tivesse "mais curto", e o paciente não alcança locais mais altos, além de perder o movimento de rotação, não conseguindo colocar a mão nas costas (buscando a abertura do sutiã), nem cruzar a mão sobre o outro ombro pra buscar o cinto de segurança no carro. Essa fase pode durar de 12 a 18 meses!

3) Fase de descongelamento: esta tem uma duração variável. O movimento do ombro melhora progressivamente, desaparecendo a doença. Na maioria dos casos o paciente pode ficar com alguma seqüela de perda de alguns graus de movimentação do ombro.

Como outras doenças (artrose, tendinite, bursite, etc.) também causam dor e dificuldade de movimentação do ombro, o diagnóstico é, muitas vezes, feito tardiamente. É muito comum que seja dito ao paciente que ele está com uma tendinite, ou uma bursite no ombro, já que os sintomas são parecidos e os exames de imagem como raios-x ou ultrassonografia não mostram alterações, mas pode ser a fase inicial da capsulite adesiva. Então o médico costuma diagnosticar a capsulite por eliminação, descartando primeiramente doenças mais graves.

A melhor opção é tratar a capsulite adesiva, ao invés de esperar que ela melhore sozinha, porque os sintomas podem ficar insuportáveis para o paciente. O tratamento é lento, e pode ser frustrante para o paciente, que deve PERSISTIR! A escolha das condutas dependerá de qual fase a doença está, mas vai consistir basicamente em redução da dor e da inflamação (cinesioterapia, osteopatia, laser, calor, gelo, acupuntura são exemplos), alongamento muscular e de cápsula (que é um alongamento executado pelo fisioterapeuta de uma maneira diferente do alongamento muscular, pois requer mais força, posicionamento correto e mais tempo de permanência na posição – imagens a seguir), tudo com o objetivo de encurtar estas duas primeiras fases da doença, já descritas acima.

Posição 1 para alongamento da cápsula: De pé, encostado de lado na parede e com cotovelo na altura do ombro, empurra-se o punho para baixo

Posição 2: o mesmo pode ser feito com o paciente deitado.

Objetivo de trazer o máximo o braço para baixo (rotação medial)

Normalmente o fisioterapeuta sugere que alguns alongamentos e exercícios sejam feitos em casa. Aqui abaixo estão alguns exemplos, que estão aqui somente para exemplificar, pois o seu fisioterapeuta te indicará quais os mais adequados pro seu estágio da doença:

Em caso de dores extremas e incapacitantes, o médico poderá optar por antiinflamatórios mais fortes (como corticóides injetáveis), infiltrações intra-articulares com corticóide (direto dentro da articulação) ou os bloqueios do nervo supraescapular. Cada opção tem suas vantagens e RISCOS, e será INDIVIDUALIZADA pelo médico (evite automedicação!). A infiltração intra-articular, por exemplo, pode aumentar a fragilidade dos tecidos que ficam embebidos pelo corticóide por um tempo, causando risco de rupturas de tendões e ligamentos. Por isso é de responsabilidade médica a decisão de cada conduta mais enérgica.

A cirurgia raramente é necessária.

Até a próxima e lembrem-se: nunca tentem reproduzir tratamentos em casa, sem orientação de um fisioterapeuta. Pode ser extremamente prejudicial para vocês!


Amanda Beloti é fisioterapeuta graduada em 2009 pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Cursa Especialização em Fisioterapia Traumato-Ortopédica pela mesma instituição. Instrutora Internacional de Pilates pela Pilates Plus (autorizada pela Associação Norte-Americana de Pilates). Sócia-proprietária do Consultório de Fisioterapia e Pilates STUDIO A. Saiba mais.