Acidentes com animais peãonhentos aumentam entre os meses de novembro e maio
Acidentes com animais peçonhentos aumentam entre os meses de novembro e maio
Repórter
O número de acidentes com animais peçonhentos e pragas urbanas aumenta consideravelmente entre os meses de novembro e maio. Segundo o veterinário e chefe do Setor de Zoonoses da Secretaria de Saúde (SS), José Geraldo de Castro Júnior, o crescimento pode ser explicado por dois motivos, as chuvas e o tempo quente.
"Um dos fatores é o fato de os animais, como insetos, aracnídeos e serpentes, passarem por mudanças devido ao calor, que faz com que o metabolismo fique acelerado, além de ser época de reprodução. Com isso, acabam se movimentando mais e, por estarem mais ativos, saem à procura de alimentos. Assim, quanto mais se movimentam, maior a chance de encontro com humanos."
Outro fator que contribui para a elevação do número de casos durante o verão é o efeito desalojante, já que, devido às fortes enxurradas provocadas pelas chuvas, a tendência é de que os animais saiam dos bueiros, ralos e tocas. "Além disso, o fato de as pessoas passearem mais, por se tratar de época de férias, também acaba contribuindo para os ataques em áreas rurais, o que pode ocorrer durante uma pescaria, por exemplo."
O veterinário explica que todos os ataques por serpentes, aranhas, escorpiões, lagartas e abelhas são acidentais, ocorrendo caso o animal se sinta ameaçado pela presença do homem. "Eles não procuram as pessoas para atacar. Se isso ocorre é porque se sentem ameaçados e querem se defender."
Número de atendimentos não revela a realidade
No ano de 2009, foram registrados, em Juiz de Fora, 175 atendimentos a vítimas de acidentes com serpentes, abelhas, escorpiões, entre outros animais, segundo dados da SS. No ano passado, foram 128 casos (ver quadro abaixo). Contudo, Júnior lembra que a redução mostrada pelos dados não significa que os atendimentos caíram na realidade. "O que temos observado é que a tendência é justamente contrária, ou seja, de crescimento. Mas, diferentemente do que deve ser feito, algumas pessoas são atacadas e não buscam o serviço de saúde."
Ele destaca que, em qualquer tipo de acidente, as pessoas devem buscar um hospital, a fim de verificar se há necessidade de aplicação de soro, já que há casos em que basta a observação por um período de seis horas. Outra dica importante é que a pessoa que tenha sido atacada evite se movimentar, para não favorecer a absorção do veneno pelo organismo. No ano de 2010, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), 45 pessoas morreram em Minas Gerais em decorrência deste tipo de ataque.
Atenção aos quatro "A"s
O veterinário explica que a população deve se lembrar de quatro "A"s para evitar ataques de animais peçonhentos e pragas urbanas. "O primeiro "A" é o abrigo, que nos remete ao fato de que não devemos guardar entulhos e deixar lotes com mato muito alto. Estes cenários facilitam a aparição dos animais. O segundo "A" é o alimento, que lembra que é importante não acumular lixo, que, muitas vezes, atrai os animais. O terceiro "A" é o acesso, que nos lembra da importância de vedar ralos e usar borrachas na parte inferior de portas, evitando o acesso às residências. Por fim, o "A" de água, que nos remete às chuvas, a única coisa sobre a qual não podemos atuar, quando se fala de prevenção."Proteção e respeito à natureza
Uma das dicas do veterinário Júnior a respeito dos cuidados para evitar acidentes com animais peçonhentos e pragas urbanas é usar protetores em áreas consideradas de risco. "Luvas, botas e perneiras devem ser usadas tanto em áreas rurais, onde a incidência destes animais é maior, quanto em áreas urbanas com características de localidades rurais." Ele lembra que alguns bairros de Juiz de Fora, como São Pedro, Borboleta e Bosque do Imperador (ver mapas), contam com muitas áreas de mata, sendo ambientes semelhantes às zonas rurais.
"Outra questão que merece atenção por parte da população é o desmatamento, que acaba por provocar o desequilíbrio ecológico, o que, consequentemente, modifica os hábitos destes animais, fazendo com que haja uma migração para espaços urbanos, aumentando ainda mais a chance de acidentes."