Médicos denunciam falta de guias para exames e prontuários no SUS
Médicos denunciam falta de guias para exames e prontuários no SUS
Repórter
Falhas na infraestrutura para o trabalho dos médicos do Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo a falta de guias para encaminhamento a exames e de prontuários, foi tema da audiência pública realizada nesta quinta-feira, 28 de abril, na Câmara Municipal de Juiz de Fora, solicitada pelos vereadores José Laerte (PSDB), José Mansueto Fiorilo (PDT) e José Tarcísio (PTC).
O vereador José Laerte afirmou que a falta dos documentos acaba prejudicando o atendimento. "A gente faz os encaminhamentos e passa as receitas médicas, mas quando os pacientes voltam não tem como saber o que foi solicitado." A denúncia é endossada pelo reumatologista Marcelo Alvarenga. "Não tenho prontuário e nem ficha de consultas. Quando atendo os pacientes não tem como saber o medicamento que eles estão usando."
A falta de vagas para os pacientes foi mencionada pelo vereador Fiorilo. "Os médicos têm que decidir os pacientes que vão ser atendidos e os que vão morrer, porque não existe vaga para todos."
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O piso salarial dos médicos do serviço público de saúde do município também esteve presente na discussão. Para exemplificar o descaso com a classe, Laerte tomou com exemplo o vencimento de um profissional que está há mais de 25 anos no serviço público. De acordo com o vereador, o salário com os descontos fica em R$ 2.456 mil por mês. "Enquanto os médicos não tiverem os devidos cuidados, a população vai continuar sendo mal assistida", ressalta.
Segundo o médico Luiz Guilherme Veiga, os profissionais já solicitaram um parecer da Prefeitura Municipal de Juiz de Fora, mas até o momento nada foi resolvido. "Chega a ser desanimador, estamos vivendo uma lei de 1990. Já são 21 anos e nada evoluiu." Para o diretor da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Oleg Abramov, o encontro foi essencial para demonstrar o descaso da Prefeitura junto aos sindicatos. "A administração da cidade não está se importando com os servidores públicos." Opinião que também é dividida com o presidente do sindicato dos médicos, Gilson Salomão. "A gestão está falha, nós não podemos ficar nessa situação. Juiz de Fora está vivendo uma crise na área médica." Salomão afirma que este cenário nunca foi visto em outros tempos. "Os médicos estão dispensando os cargos públicos devido à má qualidade."
O alto escalão da Prefeitura não esteve presente na reunião, mas, em nota à imprensa, a assessoria de comunicação do Executivo respondeu às críticas. Com relação à infraestrutura, a administração municipal informa que está investindo na reestruturação das unidades da Secretaria de Saúde, com reformas e ampliações de 12 Unidades de Atenção Primária à Saúde (Uaps). Estão sendo construídas, também, outras cinco unidades de saúde, das quais duas já foram entregues, além da Sala de Urgência do Hospital de Pronto Socorro (HPS), do Hospital Regional, com 250 leitos, das novas instalações da Subsecretaria de Vigilância em Saúde e da Policlínica de Benfica.
Os textos são revisados por Thaísa Hosken