Tratamento da dor crínica em JF carece de políticas públicas

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Tratamento da dor crônica em JF carece de políticas públicas

Em Juiz de Fora, Grupo de Apoio ao Tratamento da Dor, criado por quem viveu o problema, supre lacuna no sistema de saúde

Thiago Stephan
Repórter
23/6/2012

Há cerca de dez anos, Jocélia Aparecida de Oliveira descobriu que tinha uma doença rara, que causava dores intensas. Foram quatro anos de cirurgias e até o uso de um cateter de morfina para aliviar o que a medicina chama de dor crônica. Após uma internação, o neurocirurgião Marcelo Quesado passou a estudar uma maneira de acabar com aquele sofrimento. Tempos depois, ela recebia o implante de um neuroestimulador, a primeira paciente em Juiz de Fora a passar por este procedimento. Jocélia é um exemplo de um problema para o qual não existem políticas públicas adequadas. E, de seu empenho pessoal, nasceu um serviço que atende a pessoas que passam por problemas semelhantes.

Apoio psicológico para quem sente dor

Após receber o dispositivo, as dores que ela sentia foram ficando para trás. Mas, dessa experiência, surgiu a necessidade de ajudar pessoas que passavam pelo mesmo problema. Assim, em 19 de maio de 2011, nascia, no Hospital Doutor João Penido, o Grupo de Apoio ao Tratamento da Dor (GATD), que atualmente conta com cerca de 20 pessoas. "Sentimos a vontade de criar o grupo para apoiar as pessoas que sentem a dor crônica. Apoio psicológico para quem passou ou vai passar pela implantação do neuroestimulador. Quem sente dor fica com o emocional muito abalado. A gente acolhe esse público", revela Jocélia, atualmente responsável por monitorar o grupo. Ele acrescenta, ainda, que o grupo conta com apoio de equipe multidisciplinar: psicóloga, fonoaudióloga e psiquiatra, além do acompanhamento de Quesado. O Grupo de Apoio as Tratamento da Dor faz suas reuniões às quintas-feiras, de 9h às 11h, no Hospital Doutor João Penido.

Jocélia explica que o funcionamento do grupo conta com outras etapas, além do acolhimento. "A gente procura ter palestras sobre medicação, dinâmicas com psicóloga... A pessoa que chega ao grupo é atendida por mim e pela psicóloga. A nossa função é criar multiplicadores. Quando a pessoa ficar boa, vai multiplicar a experiência no grupo para outros pacientes", diz.

ONG para deixar Juiz de Fora sem dor

Segundo a monitora, o Grupo de Apoio ao Tratamento da Dor está perto de virar uma organização não governamental, o que trará novas perspectivas. "Só falta registrar, o que deve ocorrer na próxima semana. O estatuto já está pronto. Vai se chamar ONG GATD. Com a criação, teremos uma sede, onde poderemos atender às pessoas durante toda a semana. Será mais fácil conseguir recursos por meio de doações e até mesmo do Governo Federal. A sede deverá funcionar na casa de uma integrante do grupo. Trabalhamos assim, na base da boa vontade. Nosso lema é 'Juiz de Fora sem dor'. Depois, quem sabe não ampliamos para 'Minas sem dor', abrindo as portas para outras cidades?"

Um ano de fundação

Apesar de ter sido criado em maio de 2011, será no dia 19 de agosto que o Grupo de Apoio ao Tratamento da Dor vai realizar a festa de um ano de fundação. Será no Hospital Doutor João Penido, com direito a coffee break e homenagens àqueles que contribuíram para as atividades. Jocélia revela que, na oportunidade, enviará convites à Câmara Municipal, ao Executivo, à Secretaria de Saúde e à Promotoria de Saúde. "Queremos que eles conheçam o serviço. O poder público pode nos ajudar. Não queremos dinheiro, queremos apoio", afirma.

Os textos são revisados por Mariana Benicá